Não haveria democracia se não fossem pessoas que se opuseram ao regime como Mário Soares, como Álvaro Cunhal. São nomes que porventura fazem parte do teu livro de História, mas não são apenas nomes. São lutas, percursos, ideias. Mário Soares, que foi um presidente-rei (por ter esse carisma), nasceu no século XX numa família republicana e oposicionista. Oposição a quem? Ao regime. Ouvirás dizer que a nossa ditadura não foi como a ditadura do país A ou B, deixa-me que te diga que uma ditadura nunca é boa.

Hoje estás aqui, na internet, com a liberdade para veres o que queres, ouvires o que gostas, escreveres o que te passa pela cabeça. Chama-se liberdade de expressão e até há 41 anos - tão pouco tempo - não era possível dizer em liberdade o que quer que fosse. Porquê? Porque viver em ditadura, num regime, é não ter liberdade para nada. Mário Soares, com defeitos e qualidades, é um dos homens que lutou para que Salazar, e depois Marcelo Caetano, passasse à História, e deixassem que Portugal cumprisse um destino melhor, livre e democrático.

Já sei que a democracia tem defeitos, não precisas de mo dizer, mas é melhor do que qualquer outro regime. Seja qual for. Por isso, quando hoje ouvires dizer que Mário Soares faleceu entenderás que é uma parte da nossa História Contemporânea que morre. Homem que defendeu valores que importam mais do que a política, por ter defendido que Portugal podia ter futuro. E tu estás a viver essa possibilidade, apesar de tudo.

E escrevo "apesar de tudo" por saber que não estamos em maré de coisas boas e seres massacrado com questões como o desemprego, o dinheiro que não terás para isto ou para aquilo. Talvez tenhas um professor a dizer que precisas de tomar conta das tuas notas, da tua média. O futuro é que conta. Antes da revolução de 1974 - não te vou repetir as aulas de História, tenho demasiado respeito por ti para te maçar com tanto - Portugal precisou de homens como Mário Soares. Talvez amanhã sejas tu um Mário Soares e ajudes a fazer com que o país cresça, evolua, seja melhor.

Hoje lembra-te que para saber onde vamos importa saber de onde vimos.

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