“Queremos que seja um porto seguro para os doentes e cuidadores que, tendo uma doença de sangue grave, precisem de ser tratados em Lisboa por períodos de tempo prolongados sem que necessitem de internamento hospitalar”, disse à agência Lusa o presidente da APCL, Manuel Abecasis.

A Casa Porto Seguro, inaugurada após mais de dois anos desde a aprovação do projeto, tem oito quartos, cozinha e áreas de lazer e vai permitir a um familiar cuidador coabitar com o doente durante o período de tratamentos.

Localizada na Praça de Espanha, a casa de acolhimento nasceu da recuperação de um edifício da Câmara Municipal de Lisboa.

“Sentíamos a necessidade de as pessoas terem um alojamento que fosse confortável e em que se sentissem bem. Essa ideia foi germinando e acabámos por estabelecer contactos com a Câmara Municipal de Lisboa, que nos cedeu este imóvel que estava bastante degradado e que a associação recuperou”, adiantou Manuel Abecasis.

O presidente da APCL apontou ainda “várias dificuldades na execução do projeto”, recordando que começou em 2019 e depois parou devido à pandemia de covid-19.

“Na recuperação [do edifício], a associação gastou cerca de 700 mil euros. Parte foi com fundos próprios, outra parte foi com apoios que fomos tendo ao longo do tempo, de empresas, de particulares e de mecenas, que contribuíram para que a casa se tornasse uma realidade”, salientou.

Manuel Abecasis disse à Lusa que a associação encontrou junto de patrocinadores forma de “subsidiar cada um dos quartos, de modo que a casa possa funcionar, uma vez que as pessoas vão estar de forma gratuita”.

“Os ocupantes da casa vão ser pessoas com recursos económicos escassos. Pessoas que não têm condições económicas para poderem permanecer em Lisboa por tempos prolongados e em que o apoio que a Segurança Social dá muitas vezes só permite o alojamento em habitações ou em situações que não são muito confortáveis”, realçou.

“Estamos em conversações com a Segurança Social no sentido de conseguir estabelecer um acordo, de modo a que aquilo que pagam para os doentes ficarem passem a pagar à associação, para que casa possa ter sustentabilidade, uma vez que a associação não tem recursos que permitam manter a casa a funcionar”, sublinhou.

A sua localização, próxima do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa e do Hospital de Santa Maria, vai facilitar o acesso aos doentes daquelas duas unidades hospitalares, de acordo com a APCL.

A Casa Porto Seguro vai estar também disponível para receber doentes hemato-oncológicos do Hospital de Santo António dos Capuchos.