“Aquilo que se passou nesse episódio da nomeação do procurador é, de facto, lamentável a todos os títulos. Ainda hoje tenho dificuldade em compreender como é que foi possível esse comportamento. É, de facto, condenável a lamentável”, vincou o também antigo primeiro-ministro durante a conferência virtual “Os Desafios da Presidência Portuguesa do Conselho da UE”, dinamizada pela Juventude Social Democrata (JSD) na rede social Facebook.
Contudo, Durão Barroso disse esperar que o episódio “não prejudique” o “perfil de Portugal construído ao longo de muito tempo”, como um elemento “ativo, membro respeitado, membro credível” da União Europeia (UE).
“Quero fazer votos para que digamos que uma mancha não ponha em causa a beleza que é a beleza do nosso tecido quando se trata de questões europeias”, completou o também antigo presidente social-democrata.
Em causa está a polémica que envolveu a ministra da Justiça depois da divulgação de uma carta endereçada à Comissão Europeia, em novembro de 2019, na qual o Governo apresentou dados errados sobre o magistrado José Guerra, escolhido para a Procuradoria Europeia.
Os erros curriculares originaram a demissão do diretor-geral da Política de Justiça, Miguel Romão, que de se demitir disse que a informação com lapsos sobre José Guerra “foi preparada na sequência de instruções recebidas” e que o teor das mesmas era do conhecimento do gabinete de Francisca Van Dunem.
Na nota que o Governo enviou a fundamentar a escolha de José Guerra para o cargo de procurador europeu, o magistrado é identificado como “procurador-geral-adjunto”, categoria que não tem, já que é apenas procurador da República.
O documento também explicita que o magistrado participou “na liderança investigatória e acusatória” no processo UGT, o que também não é verdade, já que foi o magistrado escolhido pelo Ministério Público para fazer o julgamento e não a acusação.
Durão Barroso, que é desde o início do ano o presidente da Aliança Global para as Vacinas, referiu-se também ao mandato do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, considerando que foi “uma tragédia para o mundo ocidental” e, “praticamente, uma pausa na liderança que o Ocidente tem tido” no plano geopolítico internacional.
Os quatro anos da administração Trump deixaram “a autoridade moral” do Ocidente “muito afetada”, prosseguiu o antigo primeiro-ministro – entre abril de 2002 e julho de 2004.
Durão Barroso elogio o “bom senso” do Presidente eleito, o democrata Joe Biden, que é eleito na quarta-feira.
“Talvez não seja muito sexy ter-se bom senso”, mas Durão Barroso prefere esta qualidade de Biden à de alguém que coloque “em causa o funcionamento da ordem mundial”.
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