“Os casos suspeitos de cólera atingiram a barreira de um milhão, o que amplifica o sofrimento de um país que enfrenta uma guerra brutal”, indicou hoje o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na sua conta do Twitter.
Várias organizações não-governamentais (ONG) que trabalham no país lamentaram, numa entrevista concedida na terça-feira à agência de notícias francesa AFP, que esta guerra permaneça “esquecida” pelo mundo.
Entre 27 de abril e 08 de novembro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registou 913.741 casos suspeitos de cólera e 2.196 mortes ligadas a esta doença, apesar de os casos estarem a diminuir há algumas semanas.
A OMS advertiu, a 10 de novembro, que a luta contra a cólera no Iémen arriscava sofrer “um revés sério” se o bloqueio ao país continuar.
“Nós fizemos progressos (no tratamento da epidemia), mas podemos ter um sério revés se não tivermos total acesso às zonas atingidas”, disse a porta-voz da OMS, Fadela Chaïb.
Já um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado hoje no Cairo, referiu que o Iémen sofre a pior fome em toda a região do Médio Oriente norte de África, já que um quarto da população do país padece de insegurança alimentar grave e 36% uma fome moderada.
O índice de desnutrição grave das crianças menores de cindo anos alcançou 11%, mas esta taxa supera 15% em pelo menos quatro províncias do país, o que supõe que se encontram em situação “crítica”, e em outras sete regiões situa-se entre 10% e 15%.
O fornecimento de água, extremadamente limitado, também se deteriorou com a guerra, o que alimenta a violência no país.
A FAO alertou que cerca de dois milhões de crianças não estão escolarizadas, cerca de 27% do total do país.
O conflito no Iémen teve início no final de 2014, quando os rebeldes huthis tomaram a capital, Sanaa, e ganhou dimensão internacional desde que uma coligação de países árabe, liderada pela Arábia Saudita, começou a apoiar o Governo do Presidente Abd Rabu Mansur Hadi, em março de 2015.
Segundo a ONU, o conflito já matou 8.750 pessoas, a maioria civis, desde a intervenção da coligação, que mantém um bloqueio ao país, não permitindo a entrada de carga humanitária e comercial sem uma prévia inspeção, o que gerou críticas das ONG.
CSR // FPA
Lusa/fim
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