Em entrevista à agência Lusa, ao comentar a crítica de Manuel Alegre à também socialista Graça Fonseca por esta ter justificado o IVA mais alto para as touradas com uma questão "de civilização" - "É este tipo de intolerâncias [com as touradas] que cria os Bolsonaros" - Catarina Martins lembra que a ministra da Cultura apenas "tentou explicar que a civilização vai evoluindo ao longo do tempo"
Colocando-se neste caso ao lado da titular da Cultura e contra a afirmação do ex-candidato presidencial, que o BE apoiou juntamente com o PS em 2011, a líder bloquista recorda que Graça Fonseca "nem sequer falou de proibir nenhum tipo de prática".
"O que a ministra disse, que me parece normal, é que não deve haver mais financiamento público por via fiscal a uma atividade que nós, hoje, enquanto civilização, já sabemos que provoca sofrimento animal", frisa.
"Não me parece normal que o dinheiro público – porque uma taxa reduzida é sempre uma forma de benefício fiscal, portanto de apoio público -, seja utilizado para financiar espetáculos em que se inflige sofrimento animal", acrescenta.
Neste sentido, considera que Manuel Alegre se apresentou como "um defensor do conservadorismo".
"Não é talvez a área onde as pessoas gostariam de o ver. Mas, a vida é mesmo assim e a democracia é feita desse confronto de opiniões", argumenta.
Catarina Martins aproveita para recordar que a sua avó paterna, já falecida, "fazia na sua casa matanças do porco tradicionais, que hoje são uma violência terrível".
"Não acho que ela seja menos civilizada, mas tenho a certeza de que, se ela fosse viva hoje, não o faria", declara.
A líder do BE volta, porém, a manifestar a sua divergência com o Governo por não ter incluído o cinema nas áreas culturais com IVA mínima de 6%.
"Veja-se por exemplo o IVA da Cultura. O que apareceu escrito é impossível, é impraticável e, portanto, vai ter de ser revista a medida. Nós achamos que não há uma diferença entre o cinema, a dança, o teatro e a literatura", salienta.
Há depois "uma parte muito mal escrita que diz que o espetáculo num recinto fechado tem uma taxa de IVA e em recinto aberto tem outra", lembra.
"Só que o IVA não distingue o fornecedor do serviço. Essa distinção faz-se no IRC. Se quiserem cobrar mais, deixem de lhes dar tantos benefícios nas taxas municipais. Cobrem-lhes o que eles têm de pagar, porque nós temos defendido que devem pagar essas taxas todas", critica, rematando: "A questão (do IVA para a Cultura) está mal construída e nem sequer serve o propósito que o governo queria – colocar tudo nos 6"%".
Sobre o caso das falsas presenças no plenário da Assembleia da República do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, Catarina Martins foi parca nas palavras.
"É triste". E a reação do líder social-democrata: "estranha", diz.
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