Na visita à aldeia da Castanheira, no concelho de Arouca (Aveiro), a comitiva que integrava elementos do BE e do executivo da autarquia local cruzou-se com António Guterres, ex-primeiro ministro socialista.
O atual candidato a secretário-geral da ONU encontrava-se de visita ao Centro Interpretativo das Pedras Parideiras, na condição de turista, mas aproveitou para se inteirar da situação do concelho após os incêndios, sem prestar declarações sobre esse ou outros temas, antes de prosseguir em viagem com a esposa.
Depois de uma visita a zonas do concelho de Arouca recentemente devastada pelo incêndio que chegou a ser combatido por mais de 900 bombeiros em simultâneo, Catarina Martins destacou as medidas que quer ver implementadas para se evitarem fogos descontrolados.
"Parece-nos bem o Governo ter um cadastro da floresta para ter informação, mas o passo seguinte é a gestão coletiva da floresta, para ela ser rentável e não arder - porque é explorada, limpa, trabalhada", declarou a líder do Bloco. "Percebemos que o Governo deu alguns passos, mas são muito poucos", acrescentou.
Catarina Martins afirmou que "é preciso ir mais longe" e, para o efeito, recomenda legislação que implemente "a gestão coletiva da floresta - uma espécie de condomínio em que há responsabilidades comuns", como considera "essencial" num país em que predomina o minifúndio.
"Ao contrário de outros países em que a maior parte da floresta é pública, em Portugal a maior parte é privada, o que exige um compromisso e obrigações diferentes", explicou.
"Esse é o empenho legislativo que é necessário neste momento: o da gestão coletiva da floresta, para que ela possa ser rentável, para que haja obrigações sobre a forma como essa se mantém e para se acabar com a mancha contínua de eucaliptos e também pinheiros, e se ter espécies autóctones", argumenta.
Para Catarina Martins, a "eucaliptalização do país é um problema grave que tem que ser tratado" e "este é o momento de todos os partidos da Assembleia da República responderem com uma legislação bem diferente da que tem existido até agora".
"Temos tido legislação para permitir eucalipto e, portanto, temos que fazer diferente", propõe.
"Há um compromisso assumido pelo Governo que é importantíssimo que vá para a frente: a lei dos eucaliptos, feita pelo PSD e pelo CDS, não pode continuar", reclamou.
Quanto às medidas mais urgentes de apoio às populações afetadas por perdas resultantes dos incêndios, a coordenadora do BE aponta como prioritária em Arouca a atribuição de apoios para alimentação dos animais que ficaram sem pasto e para reconstrução dos respetivos currais.
"Isso é muito premente e basta ver como os animais estão magros e frágeis. Está a ser resolvido, mas, em todo o caso, é preciso canalizar os apoios públicos possíveis, já, para estas populações", apela.
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