“Seria bom haver serenidade” no debate sobre as consequências das eleições em Itália porque “a realidade é mais complexa do que a propaganda”, disse Cavaco Silva, convidado da palestra anual Alexis de Tocqueville, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, numa aula sobre o aprofundamento da União Europeia.
Apesar da “incerteza e da tentação para dramatizar a situação”, o Presidente entre 2006 e 2016 recordou que “os partidos populistas que venceram as eleições, corrigiram, durante a campanha, várias das suas posições anti-europeístas”.
Cavaco Silva lembrou que, enquanto chefiou o Governo em Portugal, de 1985 a 1995, conheceu nove primeiros-ministros italianos.
Independentemente dos eurocéticos, o antigo Presidente da República lembrou que mesmo o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, líder da coligação de esquerda radical, optou por um terceiro resgate financeiro a sair da União Europeia.
E até citou Tsipras numa entrevista em julho de 2017 quando disse: “Sair da União Europeia? E ir para onde? Ir para outra galáxia?”
Para Cavaco Silva, “perante os desenvolvimentos eurocéticos e nacionalistas em alguns países da União Europeia”, a “zona euro deve assumir-se inequivocamente como o núcleo duro do projeto europeu e como motor do reforço do processo de integração”.
Os consensos na União “serão mais fáceis de alcançar entre 19 estados membros que partilham extensas e importantes parcelas de soberania, a mais importante das quais é uma moeda comum”.
O antigo primeiro-ministro fez ainda a defesa de um ministro das Finanças Europeu.
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