"Por causa do primeiro Presidente, o Elbasy (chefe de Estado), uma casta de empresas muito lucrativas e de pessoas muito ricas surgiu no país. Penso que chegou a hora de prestarmos tributo ao povo de Cazaquistão", disse Kassym-Jomart Tokaïev.

O presidente do Cazaquistão referiu-se às filhas, genros, netos e figuras próximas do ex-Presidente que controlam cargos do Estado e os "interesses económicos" mais importantes do Estado da Ásia Central, ex-república soviética.

Entretanto, as tropas comandadas por Moscovo destacadas no Cazaquistão, após os tumultos que resultaram em pelo menos 164 mortos e 8.000 detidos, vão começar a abandonar o país "dentro de dois dias", disse ainda o Presidente do Cazaquistão.

"A principal missão das 'forças de manutenção da paz' (...) foi concluída com sucesso, a retirada gradual do contingente vai começar dentro de dois dias. Este processo não levará mais de 10 dias", disse Kassym-Jomart Tokayev numa reunião oficial.

Segundo dados do Governo do Cazaquistão, cerca de oito mil pessoas foram detidas após a semana de tumultos no país.

"Desde 10 de janeiro, 7.989 pessoas foram detidas", informou na segunda-feira o Ministério do Interior cazaque em comunicado.

Pelo menos 164 pessoas morreram nos protestos no país, segundo dados de organizações não-governamentais, enquanto o regime refere "duas dezenas de mortos".

Os protestos que se registaram no Cazaquistão a 02 de janeiro provocaram o pedido de envio de uma missão militar liderada pela Rússia para o país rico em hidrocarbonetos.

A crise foi provocada pelo aumento do preço do gás liquefeito, que provocou inicialmente manifestações pacíficas em várias cidades do país.

Foram os maiores protestos ocorridos no Cazaquistão desde que conquistou a independência, há três décadas.