“Eu não compreendo essa crítica porque quem criou uma novela em torno do Novo Banco foi precisamente o primeiro-ministro juntamente com o ministro das Finanças, e foi um imbróglio, uma rixa. Num período em que o Governo pediu unidade aos portugueses, fez exatamente o contrário, mostrou incoerência, divisão e uma cisão incompreensível”, afirmou o líder democrata-cristão.
Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas no final de uma reunião com a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, em Lisboa.
O Conselho de Administração do Novo Banco lamentou hoje "profundamente" que a instituição continue a ser usada "como arma de arremesso político e/ou manobras político-mediáticas", depois das questões levantadas no debate quinzenal de quarta-feira.
Em comunicado, o Novo Banco diz que é "seguramente uma das entidades bancárias mais escrutinadas, tanto a nível nacional como a nível europeu, fruto, aliás, do processo que lhe deu origem", tendo o próprio presidente executivo, por várias vezes, se deslocado ao parlamento para prestar todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados.
"Se, apesar de tudo, subsistem dúvidas sobre a criação e a forma como é gerido o Novo Banco, como transpareceu, uma vez mais, do debate parlamentar de ontem [quarta-feira] à tarde, os senhores deputados devem procurar, através de todas as iniciativas, e sublinhamos todas as iniciativas que estão nas suas atribuições, apurar tudo o que quiserem", disse.
O Novo Banco reitera assim que está disponível "para tudo esclarecer", mas "não pode continuar a assistir a constantes manobras que só prejudicam a sua atividade, perturbam o esforço de recuperação duramente realizado por milhares de colaboradores do banco, que diariamente servem centenas de milhares de clientes" e esquecem a importância do Novo Banco para a economia do país, que "ficou bem evidenciada, sobretudo nesta hora de maior dificuldade para as empresas e famílias portuguesas".
Na ótica do presidente do CDS, a polémica em torno da transferência de 850 milhões de euros para o fundo de resolução destinado à recapitalização do banco, e o alegado desentendimento entre António Costa e Mário Centeno levou o Governo a desviar-se “das prioridades”.
“Ajudar todos aqueles que passam dificuldades nesta altura, que passam fome, estão no limiar da pobreza, estão desempregados, as empresas que se batem com dificuldades para poderem manter os seus negócios vivos” enquanto as atenções estavam desviadas “para uma novela infeliz em torno do Novo Banco”, concretizou.
Por isso, Rodrigues dos Santos pediu ao Governo que “seja tão rápido a pagar o que deve aos portugueses como foi a transferir dinheiro para o Novo Banco”.
“Da parte do CDS, nós somos muito claros, nós achamos que a nossa prioridade nesta altura tem que ser um programa de emergência social e um plano de relançamento da economia, que passa pelo básico, é o Estado poder pagar aquilo que deve aos portugueses”, defendeu, pedindo agilidade no reembolso do IRS e na atribuição das verbas do ‘lay-off’, e também que as linhas de crédito cheguem às empresas, “coisa que não acontece” de momento, porque “apenas 8% está contratualizado”.
No orçamento suplementar, que o Governo prevê entregar no parlamento em junho, o CDS quer ver espelhado o mecanismo de acerto de contas entre o Estado e os contribuintes que vem defendendo, o prolongamento do ‘lay-off’ simplificado e a eliminação dos pagamentos por conta.
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