Em declarações aos jornalistas no parlamento, em Lisboa, o deputado do CDS-PP João Almeida reagiu desta forma ao anúncio feito hoje pelo ministério da Administração Interna de que a diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Cristina Gatões Batista, se tinha demitido hoje das suas funções.
"Eu acho que a própria demissão da diretora do SEF é uma espécie de acionamento do botão de emergência pelo ministro. O ministro, como não consegue resolver politicamente o problema, um problema tão grave como este, acionou o seu botão de emergência que é, para não tirar responsabilidades pessoais, demitir a diretora", respondeu aos jornalistas.
João Almeida foi questionado sobre a ideia, noticiada pelo Diário de Notícias, de os cidadãos estrangeiros que fiquem alojados nas instalações do SEF do aeroporto de Lisboa poderem vir a ter disponível um botão de pânico nos respetivos quartos.
Desde o início deste processo, frisou, o CDS-PP entende que são precisas três coisas: "exigência, institucionalismo e liderança".
"Algo tão grave como o que aconteceu não pode, de maneira nenhuma, deixar de ter um apuramento de responsabilidades que aponte para o que se passou exatamente, para quem é culpado e para que quem seja culpado tenha a devida consequência", defendeu.
Questionado sobre se Eduardo Cabrita tem condições para continuar no cargo, João Almeida defendeu que é preciso que o ministro esclareça "tudo o que se passou neste caso" e "mostrar que efetivamente não anda a reboque da agenda mediática, tentando escapar e não liderando o processo".
"Está ainda na oportunidade. Como sabem o ministro está para vir ao parlamento, esse será o momento para apurar se efetivamente o ministro tem ou não condições para continuar", apontou.
O centrista avisou que "o SEF é um serviço de segurança muito relevante para o país" e não se pode se pode expor "um serviço de segurança a um desgaste dia a dia no debate público".
"Eu tutelei o SEF durante dois anos e essa não era a prática corrente neste serviço. É preciso apurar se efetivamente aconteceu agora, porque é que aconteceu agora e a relação que isso tem com a liderança ou com a falta dela porque efetivamente isso não é normal, mas também não era normal no SEF", respondeu ainda.
Cristina Gatões assumiu a liderança do SEF a 16 de janeiro de 2019, em substituição de Carlos Moreira, que saiu por motivos pessoais e a sua saída, segundo uma nota do Ministério da Administração Interna (MAI), coincide com um processo de restruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
No mandato de Cristina Gatões, três inspetores do SEF foram acusados de envolvimento na morte de um cidadão ucraniano, nas instalações do serviço no aeroporto de Lisboa, a quem agrediram violentamente e que deu origem à demissão do diretor e do subdiretor de Fronteiras do aeroporto.
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