Esta reunião do órgão máximo do partido entre congressos tem início marcado para as 11:00 e deverá juntar cerca de 300 conselheiros nacionais por videoconferência, devido à pandemia da covid-19.

Francisco Rodrigues dos Santos vai apresentar a moção de confiança à sua comissão política nacional, que será depois debatida e votada pelos conselheiros nacionais.

Na semana passada, o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para discutir a convocação de um congresso extraordinário (ainda este ano, antes das eleições autárquicas) para escolher a liderança, defendendo que esta direção "não conseguirá" resolver "a crise de sobrevivência" do partido.

Dias depois, em entrevista ao Público, o antigo vice-presidente de Assunção Cristas anunciou que será candidato a líder do partido caso seja marcado um congresso antecipado.

Em resposta, Francisco Rodrigues dos Santos - eleito no último congresso e que ainda tem um ano de mandato por cumprir - anunciou na terça-feira que vai submeter ao Conselho Nacional uma moção de confiança à sua direção com o objetivo de "confirmar a legitimidade política" da sua liderança.

O líder centrista - cuja lista ao Conselho Nacional obteve 51,9% dos votos no último congresso - referiu na altura ter levado a cabo "um amplo processo de auscultação junto de diversas personalidades dentro e fora do partido", e indicou ter recebido "múltiplos apoios e incentivos".

Logo a seguir, através de um vídeo publicado na rede social Facebook, o antigo secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes acusou o seu opositor de falta de confiança e de ter escolhido "entrincheirar-se".

Mesmo que a moção de confiança seja aprovada, esta questão pode não ficar por aqui. De acordo com os estatutos do CDS-PP, o Conselho Nacional pode reunir-se extraordinariamente a pedido de um quinto dos seus membros.

Adolfo Mesquita Nunes tentou incluir na ordem de trabalhos da reunião de sábado a discussão de "um congresso extraordinário eletivo", mas a proposta foi rejeitada pelo presidente do Conselho Nacional.

Segundo o antigo secretário de Estado, o argumento para a rejeição foi de que "não cabe ao Conselho Nacional convocar congressos extraordinários eletivos que interrompam o mandato das direções vigentes".

Após a reunião de sábado, os críticos da direção poderão fazer novo pedido, requerendo a discussão de um congresso antecipado.

Outra possibilidade contemplada nos estatutos passa por juntar "pelo menos por 10% dos militantes ativos" e requerer diretamente a realização da reunião magna do partido.

Durante os últimos dias, algumas vozes do CDS-PP fizeram-se ouvir publicamente sobre a situação que o partido atravessa.

O antigo líder parlamentar e membro do Conselho de Estado, António Lobo Xavier, o líder parlamentar Telmo Correia e o deputado e líder da distrital de Lisboa do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, vieram a público defender a realização de um congresso.

Entre os argumentos apontados para a crise no partido, os centristas destacam as sondagens que indicam repetidamente maus resultados, as recentes demissões na direção e os resultados das eleições presidenciais, nomeadamente os votos alcançados pelos candidatos apoiados pela Chega e Iniciativa Liberal.

Na última semana, demitiram-se da direção vários membros do grupo Juntos pelo Futuro (ala cuja moção teve 14,45% dos votos em congresso e fez um acordo com Rodrigues dos Santos), entre os quais o vice-presidente Filipe Lobo d'Ávila e dois vogais da comissão executiva, órgão mais restrito.

Também na semana passada, o eurodeputado Nuno Melo considerou que Rodrigues dos Santos "deixou de ter condições" para liderar o partido, mas recusou ser candidato nesta altura.

Por seu turno, o antigo líder José Ribeiro e Castro, que acusou os críticos de abrirem uma "crise artificial" e de "premeditação" no "ataque" à liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, argumentou: “não se percebe qual é a ideia de convocar o congresso quando não pode haver congresso nenhum devido à situação sanitária”.

Esta semana, Adolfo Mesquita Nunes manifestou-se contra a votação nominal da moção de confiança, ou seja, com cada conselheiro a anunciar o sentido de voto por ordem de chamada, e entretanto a distrital de Lisboa pediu um parecer ao Conselho Nacional de Jurisdição sobre esta matéria.