"Esta lei da rolha agora imposta servirá essencialmente para não permitir que se saibam, não permitir que se conheçam, as falhas que continuam a existir, as falhas de coordenação e de opções, de meios, nos sistemas de apoio e a falha mais grave e mais evidente, a falha de condução e direção política", afirmou o deputado e dirigente do CDS-PP Telmo Correia.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, Telmo Correia considerou que o Governo foi do "oitenta ao oito", ao permitir que, após a tragédia de Pedrogão Grande, diversas entidades dependentes do Ministério da Administração Interna "estivessem na praça pública a desmentirem-se uns aos outros, a digladiarem-se e até a passarem culpas".
"O primeiro-ministro disse que assim é que estava bem e que toda a gente devia falar. De resto, foi essa a política do Governo desde a primeira hora, ter toda a gente no terreno a fazer declarações. Há aqui uma inversão dessa estratégia", sustentou.
Para Telmo Correia, "é precisamente a fragilidade em que o Governo está que significa esta mudança".
Também o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, acusou na terça-feira à noite o Governo de impor a "lei da rolha" aos serviços de proteção civil, por ter como "política primeira a da comunicação".
"Esse é o tempo que vivemos hoje, o tempo da demagogia política e é o tempo em que a política primeira, preferida, da maioria e do Governo, é a da comunicação. Não vá a comunicação falhar, tivemos hoje notícia, provavelmente a última, de que a lei da rolha se deverá observar em matéria de serviços de proteção civil", criticou Passos Coelho, no seu discurso no jantar do grupo parlamentar do PSD.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) anunciou que vai fazer a partir de quarta-feira dois "briefings" diários, incluindo aos fins de semana, sobre os incêndios no país, um de manhã e outro ao final do dia.
Após as acusações de Passos Coelho, a adjunta nacional de Operações Patrícia Gaspar rejeitou qualquer associação entre as novas regras de comunicação do serviço sobre incêndios e uma 'lei da rolha'.
"Estão a ocorrer simultaneamente ocorrências elevadas que implicam recursos elevadíssimos e por isso é fundamental que os comandos se possam focar no essencial: que é dar resposta às emergências", salientou.
Patrícia Gaspar garantiu também que os comandos distritais de operações de socorro (CDOS) não estão proibidos de dar informações.
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