"Peço ao senhor presidente do partido que não dê a ideia de estar agarrado ao lugar, a perder membros da direção, com projeções sistematicamente negativas, com dificuldades de afirmação externa", afirmou, defendendo que "essa ideia será muito negativa para o futuro do partido".

Telmo Correia voltou a defender a realização de um congresso mas ressalvou que não é "apoiante de nenhum candidato", apesar de ser amigo de Adolfo Mesquita Nunes, que anunciou que será candidato a líder, enfrentado o atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, se a reunião magna se realizar.

Em resposta a intervenções anteriores, o parlamentar destacou o trabalho levado a cabo pelos deputados, destacou que, "se alguém fez frente à questão da eutanásia, foi o CDS, não foi mais ninguém" e realçou também que mais recentemente confrontou o primeiro-ministro e a ministra da Saúde sobre as opções do Governo para combater a pandemia.

"Nós vamos fazendo o nosso trabalho, não é isso que está em questão. O que está aqui em questão é saber se aquilo que escolhemos há um ano em Aveiro está a correr bem ou está a correr mal", acrescentou o líder parlamentar, considerando que o CDS é visto "como 'boring'" (chato), em vez de 'sexy', como prometeu o líder no congresso do ano passado.

Também o eurodeputado Nuno Melo considerou que a aprovação da moção de confiança à comissão política nacional não resolve "este clima" e defendeu que o congresso antecipado "matará mais cedo esta litigância", apesar de ressalvar que não é "propriamente apoiante do Adolfo, ou do Francisco, ou de quem seja".

Lamentando as críticas do presidente do partido à anterior direção, da qual fez parte, o eurodeputado aconselhou Francisco Rodrigues dos Santos de que é "melhor colocar água na fervura do que gasolina na fogueira".

"Goste ou não, é presidente do partido, e presidente de todos", acrescentou, lembrando que Francisco Rodrigues dos Santos foi candidato nas últimas legislativas e fez campanha com os membros da anterior direção.

Numa intervenção no Conselho Nacional, que está reunido há quase 10 horas, a deputada Ana Rita Bessa também saiu em defesa do grupo parlamentar, questionando se os deputados alguma vez tomaram "alguma decisão dissonante" com a direção.

A deputada - que manifestou apoio a uma candidatura de Adolfo Mesquita Nunes - assinalou também a proposta da Via Verde Saúde, uma "grande bandeira" da atual direção, foi "concebida e identificada" pelo antigo vice-presidente.

O deputado João Almeida - que também foi candidato à liderança no último congresso - advogou que um novo congresso é o que vai tornar os centristas "mais fortes" e sublinhou que "sempre" achou que o projeto desta direção "ia correr mal".

O parlamentar criticou também não ter sido chamado pela direção "para qualquer conversa que seja" e revelou ter sido "sondado por dois partidos" para concorrer às eleições autárquicas em São João da Madeira.

Pelas 21:15, a porta-voz do partido, Cecília Anacoreta Correia, fez uma declaração aos jornalistas na sede do partido, sem direito a perguntas, descrevendo a reunião do Conselho Nacional como uma oportunidade de clarificar e unir o CDS-PP.

"Nós queremos estar unidos porque queremos concorrer para um entendimento à direita, que possa ser uma alternativa ao socialismo. O PS é o nosso adversário", afirmou.

A responsável democrata-cristã frisou que "o que está a acontecer é prova da enorme maturidade democrática que se vive no CDS - toda a gente fala, participa e vota" e "a democracia dá trabalho".

Numa intervenção aos conselheiros, o presidente da Juventude Popular apelou ao partido que faça "das dificuldades oportunidades para crescer e não desculpas para resignar" e defendeu ser necessário vencer "a mesquinhez, o ressentimento de particularismos estéreis e os egos infantis".

"Não percamos mais tempo. Esta é a hora de falar do futuro e de como queremos responder amanhã. Está na hora de refazer a política e de dar esperança numa vida melhor para cada português", acrescentou Francisco Mota.

Cerca de 250 membros do Conselho Nacional do CDS-PP estão reunidos desde as 12:10, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado (antes das autárquicas) e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça.

Os trabalhos arrancaram à porta fechada, mas foram abertos aos jornalistas a partir das 15:45, após decisão do Conselho Nacional, estando a comunicação social a acompanhar a reunião na sede do CDS, em Lisboa, através de uma televisão.