Numa pergunta parlamentar, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os centristas pretendem saber se o CHUC prevê o aumento de vagas de forma, a repor, pelo menos, "as que existiam em setembro de 2018".
"Ou, pelo contrário, pretende o Governo levar a cabo uma definitiva redução do número de camas de internamento no CRI de Psiquiatria do CHUC, prejudicando assim a rede de referenciação hospitalar, a urgência psiquiátrica e o serviço de internamento de último recurso para toda a região Centro?", questionam.
Na iniciativa parlamentar, o CDS-PP pretende saber se, "perante as atuais e graves condições do CRI de Psiquiatria do CHUC", o Ministério da Saúde garante "a qualidade e dignidade da prestação de cuidados de saúde aos doentes que recorrem ao serviço, bem como a sua segurança e bem-estar".
Por último, questionam "quando será dotado o CRI de Psiquiatria do CHUC dos recursos humanos adequados e das condições e equipamento médico apropriado e adequado ao seu funcionamento e à prestação dos cuidados de saúde aos doentes".
A posição dos centristas surge depois de a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) ter denunciado, na segunda-feira, o que diz ser a "realidade desumana" dos doentes de psiquiatria do CHUC ao nível da higiene e alimentação por falta de condições de internamento.
Em nota enviada à agência Lusa na segunda-feira, Carlos Cortes, presidente da SRCOM, acusou o CHUC de desvalorizar a saúde mental, argumentando que os doentes "passam vários dias na urgência" por não existirem condições de internamento e que "apenas comem bolachas, sopa e leite ou sumos".
"Há inclusivamente doentes com critérios para internamento compulsivo e que permanecem vários dias no serviço de urgência" e outros, internados noutras enfermarias, "sem os devidos cuidados especializados".
Os doentes "passam dias a fio com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas de higiene e alimentação, já que não existem condições para os internar".
A denúncia tem por base um documento, dirigido, "face à gravidade da situação", à administração do CHUC, por cerca de 40 médicos do serviço de Psiquiatria, onde são enunciadas "as carências e as deficiências" existentes, nomeadamente relacionadas com a falta de vagas de internamento e com o perigo que aqueles doentes correm na urgência, onde ficam "mais vulneráveis" e desenvolvem complicações orgânicas com infeções hospitalares.
O presidente do Conselho de Administração do CHUC refutou as acusações da Ordem dos Médicos do Centro e de psiquiatras da instituição sobre a existência de doentes psiquiátricos maltratados.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Regateiro rejeitou as críticas e frisou que "só muito excecionalmente" os doentes ficam mais de 24 horas no serviço de urgência e que essas situações, "raras e excecionais, são menos do que os dedos de uma mão".
"Essas descrições [dos críticos] não correspondem à realidade", assegurou Fernando Regateiro, adiantando que quem está no serviço de urgência "é porque tem de lá estar".
Comentários