Em jubileus anteriores, a rainha viajou pelo país, passeou de barco no rio e percorreu a capital britânica numa carruagem a cavalos, acenando e sorrindo às multidões, mas desta vez será diferente.
Embora seja expectável que a soberana se mostre aos súbditos pelo menos uma vez, na varanda do Palácio de Buckingham, na quinta-feira, o envolvimento no resto do programa do Jubileu de Platina é incerto.
Um porta-voz disse que a rainha pretendia participar nas celebrações, “mas a presença só será confirmada mais perto da data ou mesmo no próprio dia” devido aos problemas de mobilidade que tem enfrentado.
Isabel II cancelou em maio com horas de antecedência a deslocação ao parlamento para a Abertura de Estado, a qual confiou ao herdeiro, príncipe Carlos, que também já a tinha representado nas tradicionais missas de Páscoa.
Este ano já falhou outros compromissos e reduziu ao mínimo os encontros presenciais, reservados apenas a figuras de Estado como o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Nos últimos anos, as visitas oficiais ao estrangeiro e até mesmo dentro do país também têm sido progressivamente delegadas a outros membros da família real, como o neto William ou o filho Eduardo, o que poderá acontecer novamente nos próximos dias.
Nos últimos dias sossegou as preocupações relacionadas com o seu estado de saúde ao participar em vários eventos públicos, incluindo na inauguração da nova linha de metro Elizabeth, onde se apresentou sorridente e animada, surgindo como uma soberana revigorada.
O jornalista e escritor britânico Omid Scobie admite que este “será o último jubileu dela, tendo em conta a idade”, o que o torna mais especial.
Este especialista em assuntos relacionados com a família real lembra que os últimos anos têm sido marcados pela morte do príncipe consorte, o príncipe Filipe, pelo afastamento do príncipe Harry e da mulher Meghan Markle e pelo escândalo sexual que envolveu um dos seus filhos, o príncipe André.
“Esta pode ser a última oportunidade de ver a rainha num momento comemorativo em frente às pessoas. Isso acrescenta significado. O jubileu é algo que é positivo e festivo”, vincou, num encontro com jornalistas estrangeiros, no qual a Lusa participou.
É tradição os monarcas britânicos festejarem os jubileus todas as décadas, eventos que politicamente, segundo explicou o jornalista, “são importantes para unir o país” em torno da soberana.
“Também bastante lucrativos para a economia e este é ainda mais importante depois da pandemia. É bom até para aqueles que não são monarquistas, porque acaba por ser um fim de semana com quatro dias”, acrescentou Omid Scobie.
As festividades vão prolongar-se durante quatro dias, entre 02 e 05 de junho, incluindo dois feriados na quinta e sexta-feira, e começarão com o desfile militar anual ‘Trooping the Colour’, cancelado nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19.
Mais de 1.200 soldados vão marchar perto do Palácio de Buckingham, juntamente com centenas de músicos do Exército e cerca de 240 cavalos, evento que marca o aniversário oficial do soberano britânico há mais de 260 anos.
No final, a família real vai aparecer na varanda para observar o sobrevoo por aviões militares e acenar à multidão no exterior, momento que irá novamente refletir a crescente importância dos príncipes herdeiros e familiares próximos da rainha.
A aparição “será limitada a Sua Majestade e aos membros da família real que estão atualmente a desempenhar funções públicas oficiais em nome da Rainha”, o que exclui o príncipe Harry e esposa Meghan e o príncipe André, segundo as informações oficiais divulgadas.
Atualmente, a família real resume-se aos filhos Carlos, Eduardo e Ana, neto William, bem como os respetivos cônjuges, os primos Ricardo, duque de Gloucester, Eduardo, Duque of Kent, e Alexandra.
Nos dias seguintes destacam-se uma cerimónia religiosa na Catedral de São Paulo [St Paul’s], na sexta-feira, a 243.ª edição da corrida de cavalos Derby, em Epsom Downs, no sábado, dia em que terá lugar também um festival de música junto ao Palácio de Buckingham.
No domingo, os britânicos são incentivados a promover festas de rua com os vizinhos, ou a assistir a um grande desfile nas ruas de Londres junto ao Palácio de Buckingham.
O evento, que pretende reconhecer o serviço da rainha ao país ao longo das últimas sete décadas, vai envolver bandas militares, soldados de países da Commonwealth (organização que congrega Estados e territórios que integraram no passado o império colonial britânico), música, dança e humor, com referências à sociedade britânica e à personalidade da monarca.
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