“Estamos aqui como indivíduos, numa ação conjunta por justiça. Em solidariedade para condenar a ocupação, para condenar um ‘apartheid’ e para condenar o silêncio das pessoas, o silêncio do mundo”, começou por explicar uma das organizações que organizaram a manifestação.

A ação, organizada por várias organizações ambientalistas, foi autorizada pelas Nações Unidas, mas teve de obedecer a várias regras, uma delas que não fossem exibidas bandeiras de países. Por isso, a melancia foi o símbolo escolhido para representar a bandeira da Palestina.

No primeiro de vários discursos ao longo de uma hora (o cumprimento rigoroso do horário autorizado também era uma das regras) Gina Cortes, colombiana, criticou o “poder geopolítico que sacrifica os nossos territórios” e pediu o “fim da hipocrisia” dos países que participam na cimeira pelo clima, mas apoiam Israel ou mantêm-se neutros sobre a situação na Palestina.

“Qual é o aspeto da transição climática num campo de refugiados? Numa terra devastada?”, questionou.

Também Hajar, que pediu que a sua nacionalidade não fosse identificada, defendeu que a motivação da ação “é básica”. “Não é possível estarmos alinhados connosco próprios se formos seletivos nas nossas causas”, argumentou a jovem.

A iniciativa realizou-se na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos, dois dias depois de ter chegado ao fim a trégua entre Israel e o movimento islamita Hamas no conflito em Gaza.

A interrupção dos combates começou há uma semana, a 24 de novembro, inicialmente durante quatro dias até ter sido prolongada com a ajuda do Qatar e do Egito, países mediadores.

Depois de ter chegado ao fim, na manhã de sexta-feira, morreram já dezenas de pessoas em Gaza e a homenagem a essas e outras vítimas foi também feito hoje na COP28, com a leitura de uma lista de centenas de nomes.

Os dois momentos deixaram várias pessoas visivelmente emocionadas e, após um minuto de silêncio, a ação terminou com abraços entre conhecidos e desconhecidos.

“A comunidade internacional não está convosco, mas nunca estarão sozinhos”, afirmou um dos participantes.

* por Mariana Caeiro, enviada da Agência Lusa