“Queremos pão, não inflação”, “basta de aumento dos preços” e “casas para morar, não para especular” são algumas das frases de ordem, inscritas nas faixas que, pelas 15:00, estavam estendidas no chão a aguardar pelo arranque do protesto pelas ruas de Lisboa, que começou a avançar pelas 15:45, hora em que começou a chover.
Promovida pelo movimento cívico Vida Justa, a manifestação encheu um dos lados da rotunda do Marquês de Pombal, com centenas de pessoas, esperando que mais se juntem, para que o percurso até à Assembleia da República se inicie antes das 16:00.
Em declarações à agência Lusa, Rui Estrela, um dos responsáveis pelo movimento cívico Vida Justa, disse que a participação é, sobretudo, de pessoas de bairros periféricos de Lisboa, afirmando que mais importante do que a adesão ao protesto de hoje é que o mesmo irá ter continuidade, referindo que esta manifestação é “a forma mais sonante” de dar início ao processo de reivindicações junto do poder político.
A opção de terminar o protesto na Assembleia da República foi por considerarem que este “é o espaço que deve ser permeável às propostas e à voz dos cidadãos”, indicou Rui Estrela, referindo que a convocação de uma manifestação é a forma “mais fácil” de se fazerem ouvir, para que possam participar na tomada de decisões e ter a “democracia em pleno”.
“Lutar, lutar, para a fome acabar. Lutar, lutar, queremos casas para morar”, foi uma das frases de ordem que se fizeram ouvir, em simultâneo com o som do rufar dos tambores.
Entre os vários cartazes no protesto, um era erguido por uma idosa de cadeira de rodas: “Fui obrigada a vir para a rua gritar".
“Já é tempo de juntarmo-nos e lutar!”, lê-se num outro cartaz.
Em defesa de “salários para viver”, a limitação do preço dos bens essenciais e “casa para as pessoas”, o movimento Vida Justa nasceu na periferia de Lisboa e é composto por moradores dos bairros da periferia da capital, por pessoas de movimentos sociais e cidadãos de vários setores, como professores, juristas, antropólogos, investigadores, entre outras profissões, que se juntaram para alertar para situações de precariedade vividas atualmente.
Na concentração junto à praça Marquês de Pombal, estiveram representadas várias associações, inclusive esteve presente o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.
Este protesto decorre quase em simultâneo com uma manifestação de professores e trabalhadores não docentes, organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop), que começou junto ao Palácio da Justiça e que irá, também, até à Assembleia da República.
O manifesto do movimento Vida Justa, que se encontra em processo de recolha de assinaturas, alerta para que “todos os dias os preços sobem, os despejos de casas aumentam e os salários dão para menos dias do mês”.
“As pessoas estão a escolher se vão aquecer as suas casas ou comer”, lê-se no documento, em que os subscritores exigem um programa de crise que “defenda quem trabalha”, que os preços da energia e dos produtos alimentares essenciais sejam tabelados, os juros dos empréstimos bancários congelados, os despejos proibidos, além de aumentos salariais acima da inflação e medidas para apoiar o comércio e pequenas empresas.
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