A multidão de pessoas, muitas embrulhadas ou empunhando a bandeira ucraniana e cartazes, ocuparam parte da estrada, obrigado ao desvio do trânsito em plena hora de ponta.
A estrada em frente à missão diplomática continuava colorida de azul e amarelo, as cores da bandeira nacional ucraniana, graças a uma intervenção do grupo ‘Led by Donkeys’ na quinta-feira.
Armados de grandes recipientes em carros de mão, os ativistas políticos despejaram na quinta-feira 160 litros de tinta na estrada, deixando que os automóveis espalhassem o líquido, criando uma bandeira com 500 metros quadrados.
O grupo, que tem feito intervenções contra o ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia) ou a repressão no Irão, disse que pretendia recordar ao Presidente russo, Vladimir Putin, que a Ucrânia é um “Estado independente e um povo com todo o direito à autodeterminação”.
Apesar do protesto ter causado perturbações no trânsito, muitos automobilistas buzinavam em solidariedade, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem a pedir o fim da guerra ou de encorajamento à Ucrânia.
Um ecrã foi montado no passeio em frente ao muro que protege a embaixada para mostrar um vídeo dos bombardeamentos na Ucrânia, composto por imagens captadas e filmadas por populares através dos seus próprios telemóveis.
“Vamos relembrar às pessoas que a guerra ainda continua. É um vídeo que montámos sobre os acontecimentos do ano passado, dos mísseis, para mostrar que é horrível aquilo que está a acontecer”, disse um dos organizadores da manifestação, Vasyl Bochko, à agência Lusa.
Este ucraniano de 30 anos que residiu em Portugal faz parte do grupo Support Ukraine, que realiza protestos às quartas-feiras, sextas e sábados junto à residência do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, em Londres, para manter a pressão sobre o Reino Unido.
No passeio, um grupo de jovens ucranianos estendeu uma bandeira da Rússia e outra da União Soviética no chão para que as pessoas pisassem.
“É a nossa forma de protestar e fazer perceber aos russos que eles precisam de parar”, explicou Anastasia, uma das jovens do grupo.
Num dos extremos da concentração, a lituana Karolina segurava uma placa onde se podia ler “Tudo vai ser Ucrânia”, um jogo de palavras com a canção “Everything’s Gonna Be Alright” de Bob Marley.
“Viemos de Bruxelas passar o fim de semana com amigos, mas já estivemos em vários eventos relacionados com a Ucrânia porque a guerra é algo que nos comove muito”, disse, acompanhada pelo marido Andrius e o filho Liudas.
O protesto, convocado por várias organizações ucranianas, partiu simbolicamente da estátua de São Vladimir, o Grande Príncipe de Kiev (958–1015), conhecido por renunciar ao paganismo e promover o cristianismo entre os eslavos.
O primeiro aniversário da invasão militar russa da Ucrânia mobilizou a comunidade ucraniana para organizar uma série de eventos, tendo começado esta manhã com uma cerimónia ecuménica e interreligiosa na Catedral Católica Ucraniana, à qual assistiram vários políticos, incluindo o presidente da Câmara Municipal de Londres, Sadiq Khan.
Durante o fim de semana terão lugar missas em Cardiff, no País de Gales, e na segunda-feira o Parlamento regional galês vai realizar uma cerimónia especial comemorativa.
Uma sondagem publicada hoje pelo jornal The Daily Telegraph indica que 65% dos britânicos concorda com o nível atual ou defende mais apoio do Reino Unido à Ucrânia, enquanto 27% preferiam que o país estivesse menos envolvido.
Entretanto, a Sociedade Democrática Russa também convocou uma “marcha de solidariedade em apoio à Ucrânia” no sábado entre Marble Arch e a embaixada russa.
“É nossa responsabilidade mostrar à comunidade internacional uma posição clara contra a guerra que nós, como cidadãos russos, livres das garras do regime de Putin e da máquina de propaganda, estamos a tomar”, anunciaram pela rede social Twitter.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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