O padre Vítor Feytor-Pinto, que foi hoje a sepultar no cemitério do Alto S.João, em Lisboa, dirigiu a paróquia do Campo Grande (Paróquia dos Santos Reis Magos), tendo sido nomeado prior desta igreja em 1997. Aos 65 anos chegou finalmente a pároco, um sonho de toda a vida como classificou na altura.
Hoje, a igreja da paróquia a que pertencia encheu-se para uma última homenagem com várias personalidades a assistir à homilia exequial presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, entre as quais Marcelo Rebelo de Sousa que cancelou a sua ida a Tenerife, nas Canárias, em Espanha, a um encontro de ministros da Justiça, com o rei Felipe VI, para poder estar nas cerimónias fúnebres do padre Feytor Pinto.
Um pouco antes do início da homilia o cardeal-patriarca de Lisboa disse que o padre Feytor-Pinto “foi um exemplo magnifico do que o concilio do Vaticano II deixou” ao propor uma relação ativa em que as comunidades cristãs se transformassem como lugar de encontro e de proposta para a sociedade envolvente através dos seus membros.
“O padre Vítor foi sempre muito dado em pôr em prática esses ensinamentos, com enorme entusiasmo e uma vitalidade espantosa”, disse acrescentando que ligou “de uma forma exemplar” as ideias do Concilio Vaticano II à sua predisposição física e anímica.
Segundo Manuel Clemente, Feytor-Pinto, e com ele a paróquia do Campo Grande, passou a ser uma casa de Lisboa inteira com muita gente a acorrer para as celebrações.
“A comunidade católica de Campo Grande ficou muito marcada pelo seu dinamismo”, frisou.
Na homenagem esteve também o deputado do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza, em representação da Assembleia da República, afirmando que essa circunstância mostra como a pluralidade de correntes de opinião em Portugal tem no padre Feytor-Pinto alguém que só pode ser respeitado.
“É indiscutível que o padre Vítor Feytor Pinto foi alguém que marcou com o seu testemunho de vida, palavra e ação um modo da igreja estar no mundo marcado pela abertura, elo espírito de tolerância, pelo acolhimento das diferenças, com enorme respeito e convicção. Creio que lhe devemos essa homenagem de nas nossas vidas seguir esse exemplo de abertura, acolhimento e atenção ao cuidado com o outro”, disse o vice-presidente da Assembleia da República.
Isabel Galriça Neto, médica e ex-deputada pelo CDS-PP, de 2009 a 2019, disse também um pouco antes da cerimónia que Feytor-Pinto foi um homem que fez de cada dia uma vida com sentido, procurando aumentar a dignidade das pessoas mais vulneráveis dando testemunho da necessidade de atender ao sofrimento dos outros.
O padre Vítor Feytor-Pinto, morreu na quarta-feira, em Lisboa, aos 89 anos.
Foi Assistente Nacional e Diocesano da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde (ACEPS), Assistente Diocesano dos Médicos Católicos e Assistente Diocesano da Associação Mundial da Federação dos Médicos Católicos (AMCP), para além de ter sido fundador do Movimento de Defesa da Vida, em Lisboa.
Vitor Francisco Xavier Feytor-Pinto nasceu em 06 de março de 1932, na freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Aos 10 anos ingressou no Seminário do Fundão e aos 23 anos foi ordenado sacerdote na Guarda.
Mestre em Bioética e licenciado em Teologia Sistemática, foi admitido em novembro de 2005 pelo Papa Bento XVI entre os membros da Família Pontifícia, nomeando-o seu capelão, com o título de Monsenhor.
“A Vida é sempre um valor”, “100 entradas para um mundo melhor” e “A palavra vivida” são alguns dos livros escritos pelo padre Vitor Feytor-Pinto.
O padre Feytor-Pinto foi também membro do Conselho Pontifício para os Profissionais da Saúde e do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
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