“Há uma necessidade de, não tendo nós descoberto o elixir do crescimento perpétuo, percebermos quais são, em cada momento, os obstáculos a esse crescimento”, disse Mário Centeno, que falava, em Lisboa, durante o ciclo de entrevistas “30 portugueses, 01 país”.
Para exemplificar, o também presidente do Eurogrupo disse que o Governo teve “cuidado em estabilizar o sistema financeiro”, caso contrário, “hoje Portugal não estava como está”.
“Tínhamos problemas financeiros no sistema, no final de 2015, - a resolução do Banif, a falta de capital no Novo Banco e depois a sua venda, a Caixa Geral de Depósitos que estava, altamente, descapitalizada, o BPI e o BCP eram dois bancos privados sem estratégia, o fundo de resolução era insolvente e os empréstimos e o crédito malparado na banca portuguesa estava a aumentar”, referiu.
O governante disse ainda que os problemas referidos já foram “atacados”.
“O Novo Banco foi vendido, o Banif foi resolvido, a Caixa tem capital, o crédito malparado está a cair, caiu quase 25% de 2016 para 2017, o BPI e o BCP têm capital novo e estão a recuperar e o fundo de resolução é solvente”, afirmou.
E prosseguiu: “ainda não tinha aparecido Donald Trump, não tinha havido a votação do ‘Brexit’ [saída do Reino Unido da União Europeia] e os fenómenos de populismo na Europa estavam mais mitigados”.
Para Mário Centeno, esta realidade demonstra uma “enorme resiliência de toda a recuperação não só em Portugal, mas também na Europa”.
“Temos colocado demasiados testes a toda esta recuperação e temos que ser muitos cautelosos e conscientes do grau de dificuldade que estamos a colocar às nossas economias”, concluiu.
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