“Temos aqui um equipamento com condições únicas para o tratamento e recuperação de aves e outros animais selvagens, com uma taxa de sucesso que ronda os 70%. No CIARA encontra-se o maior túnel de voo para aves da Península Ibérica. Com os números indicados, estamos perante um caso de sucesso”, explicou à Lusa o presidente da Associação de Municípios do Baixo Sabor (AMBS)
A maioria dos 150 animais que passaram pelo CIARA, 90,7%, são aves e 9,3% são mamíferos, que foram devolvidos à natureza.
Os números foram divulgados numa altura em que este equipamento assinalou o seu segundo ano de existência, com um conjunto de iniciativas que juntaram dezenas de crianças provenientes de escolas dos quatro municípios do Baixo Sabor: Torre de Moncorvo, Alfandega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.
O CIARA vai agora cuidar dos animais acidentados da fauna dos quatro municípios do Baixo Sabor, mas, também alargar a sua disponibilidade técnica e científica, as áreas protegidas do Parque Natural do Douro Internacional e Parque Natural de Montesinho.
No CIARA, a componente da medicina veterinária está a cargos de especialistas da Universidade de Trás – os – Montes e Alto Douro (UTAD) enquanto a enfermagem especializada está entregue ao Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
Segundo Roberto Sargo, especialista em medicina veterinária da UTAD, o grosso dos animais que são tratados no CIARA entram nesta altura do ano, já que é uma época de maior movimentação e acabam por sofrer mais acidentes.
“Como os dias são maiores, há mais atividade nas estradas e nos campos agrícolas, o que leva a que haja mais acidentes. Como também há mais pessoas os animais feridos são mais facilmente detetados”, frisou.
Segundo o veterinário, o número de animais selvagens vítimas de disparo de armas de fogo tem vindo a diminuir.
O Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SPNA/GNR), o Geoparque Terras de Cavaleiros e o Grupo Nordeste são igualmente tidos como parceiros importantes no funcionamento deste equipamento ambiental
O CIARA está instalado num edifício construído de raiz junto à aldeia do Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, que custou 1,7 milhões de euros ao abrigo das medidas de compensação ambiental providentes do Fundo Baixo Sabor.
O equipamento tem como objetivo organizar e promover a cultura científica, tecnológica e a difusão do conhecimento do território do Baixo Sabor.
À disposição dos visitantes estão experiências tecnológicas interativas como a possibilidade de sobrevoar a paisagem duriense através de técnicas de realidade virtual.
O CIARA permite a recolha, tratamento e estudo da fauna existente neste território transmontano.
A barragem do Baixo Sabor foi a primeira a disponibilizar 3% da faturação anual de energia para o fundo de compensação ambiental destinado também a apoiar o desenvolvimento de projetos na área de influência.
A albufeira criada pelo escalão de montante estende-se ao longo de 60 quilómetros, desde a zona da barragem até cerca de 5,6 quilómetros a jusante da confluência do rio Maçãs com o rio Sabor, ocupando áreas dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.
Comentários