"Se analisássemos cada uma das ocorrências [causadas por fogo de artifício, [vemos que] a tipologia destas ocorrências são incêndios de pequena dimensão", disse à agência Lusa o membro da direção da Associação Nacional de Empresas de Produtos Explosivos (ANEPE), Pedro Gonçalves, que divulgou hoje estes dados, no âmbito do Encontro Nacional de Pirotécnicos, que decorre em Coimbra.

Recorrendo a dados fornecidos pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) à ANEPE, Pedro Gonçalves realçou que a maioria das ocorrências causadas por pirotecnia "nem sequer chega aos 100 metro quadrados" de área ardida, estando longe dos 27 mil hectares que arderam em Monchique, em 2018, notou.

De acordo com o responsável da ANEPE, ao longo de dez anos arderam cerca de 140 hectares provocados por fogo de artifício licenciado, quando a área total ardida em território nacional foi de um milhão e 400 mil hectares.

Se no caso dos incêndios gerados por fogo de artifício em empresas licenciadas a área ardida é "insignificante", no caso dos incêndios provocados por pirotecnia clandestina (que não segue as normas legais) o número também é reduzido.

"Analisámos a utilização clandestina e é muito pouco significativa, entre 0,015% e 0,018% [do total de área ardida]", referiu.

Pedro Gonçalves salienta que, face aos dados, o setor está associado a um problema com o qual "não tem nada a ver".

"Causas como fumar ou a caça têm uma pegada muito mais significativa do que a pirotecnia. Parece-nos que somos um pouco o bode expiatório", contestou, considerando que as medidas restritivas "não vão mudar o panorama dos incêndios nacionais".

O membro da direção da ANEPE chamou ainda a atenção para o impacto negativo que este tipo de medidas tem no setor, referindo que muitas das empresas familiares estão ligadas ao mercado tradicional, tendo nas festas populares de verão uma fatia significativa da sua faturação anual.

O Encontro Nacional de Pirotécnicos é organizado pela ANEPE e conta com a parceria da Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos (APIPE) e da Associação Portuguesa de Estudos e Engenharia de Explosivos (AP3E).

Estas três associações contrataram um estudo à Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial para identificar quais os artefactos pirotécnicos é que apresentam risco de gerar incêndios, sendo que o estudo deverá estar terminado no final de maio, avançou Pedro Gonçalves.

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