“Aquilo que traz as pessoas aqui é lutar contra a discriminação, para percebermos que não é por um animal ter nascido animal que deve ser condenado ao sofrimento, à morte ou a acabar nos nossos pratos”, disse à Lusa o ativista pela causa ambiental e direitos humanos Rafael Pinto.
Segundo o ativista, o primeiro passo é acabar com subsídios à indústria pecuária e “fazer com que a opção mais sustentável, a opção mais ética, seja também a opção mais barata”.
“Transacionar esses subsídios para a produção de alimentos de origem vegetal para que possamos ter dietas mais saudáveis, um planeta mais saudável e muito menos sofrimento animal”, insistiu.
Rafael Pinto admitiu que se trata de uma mudança comportamental “muito grande”, mas cuja necessidade surge dos contextos ambientais e políticos atuais.
Assim, sugere que haja “opções sustentáveis e éticas” nas cantinas escolares e que estas opções sejam, também as mais baratas nas superfícies comerciais.
Organizada pela Animal Save and Care Portugal, a Vegans for Love e a Associação Nova Atlântida, esta marcha começou em 2016, em Londres, e tornou-se mundial dois anos depois, “juntando dezenas de milhares de pessoas”.
A concentração foi marcada para o Rossio, seguindo-se um desfile até à Alameda Dom Afonso Henriques.
O grupo de ativistas luta pela criação de uma Declaração dos Direitos dos Animais.
Foi há seis anos que o manifestante Ricardo Martins se estreou nesta marcha, ainda que tenha falhado “um ou outro ano”. Em Portugal, “ainda se está a tratar dos animais como coisas, objetos”, disse à Lusa, apelando a que quem maltrate os animais seja “punido como deve ser”.
“É preciso pôr em prática o que está no papel”, disse, lamentando a continuação da existência de touradas.
“Se a gente quer evoluir, acho que é um bocado por aí também”, acrescentou.
O Código de Processo Penal Português estabelece uma punição com pena de prisão até um ano ou pena de multa até 120 dias para “quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus tratos físicos a um animal de companhia”.
A manifestante Rita Frazão pediu que se mudem “as leis e a consciência das pessoas sobre o facto de consumirem carne sem pensarem” nas consequências.
Depois de uma dieta vegetariana, optou por seguir um regime vegano e espera agora ter “um impacto enorme” na sua família.
“A minha família pode pensar, pode questionar, pode não acontecer logo a mudança, mas vai dar espaço para virem, depois, os meus sobrinhos, os meus netos, perguntarem-me por que é que eu não como animais. E se perguntarem a uma criança se ela quer comer um animal ou quer comer uma batata e um legume, e se ela tiver que escolher, ela não vai querer comer um animal”, sublinhou.
Comentários