“Em termos do Norte, dos cinco distritos que representamos devemos ter cerca de 40 sedes de agrupamentos encerradas”, declarou à Lusa Orlando Gonçalves, coordenador do Sindicato de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), explicando que cada sede de agrupamento de escola tem em média “mil alunos” e que com as escolas primárias “à vontade uns 50 mil alunos devem ter ficado hoje sem aulas”.

Orlando Gonçalves falava ao início da tarde de hoje ao lado de cerca uma centena de trabalhadores não docentes que aderiram à greve nacional e que estiveram concentrados à frente da porta da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para exigir “aumentos salariais”, “integração a tempo total e parcial que cumprem funções necessárias para o funcionamento das escolas” e a “criação de uma carreira específica”.

Dados do STFPSN indicam ainda nos cinco distritos do Norte devem estar hoje encerradas 350 escolas.

No Norte há mais de 500 escolas primárias e “cerca de 50% estão encerradas”, acrescentou a mesma fonte sindical.

“Basta de precariedade”, “PREVPAP [Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública] já passou 627 dias”, “Vamos lutar até vincular”, “Somos necessidades permanentes de Educação”, “Sem vinculação não há Educação”, “A luta continua, nas escolas e na rua” e “CAB [Comissão de Avaliação Bipartida] da Educação, não dá Educação” eram algumas das frases inscritas nos cartazes ou gritadas pelos grevistas.

No meio da manifestação, Diana Salgado, terapeuta ocupacional, precária há 11 anos e que trabalha em sete escolas de quatro agrupamentos escolares diferentes, dando apoio a “53 alunos entre os três e os 18 anos”, com multideficiências e autismo, contou à Lusa que esteve hoje a lutar por melhores condições de trabalho, mas também está a “lutar pelos seus alunos”.

A mesma luta mobilizou também duas técnicas especializadas, que pediram para não serem identificadas para não sofrerem represálias, e que revelaram à agência Lusa que trabalham há 15 anos na mesma escola "em contratos sucessivos" e que estão há dois anos a aguardar uma resposta do PREVPAP.

Denunciaram estarem a viver "sem expectativas para o futuro", “habituadas às filas do centro de emprego” e contaram que quando chega o mês de agosto nunca sabem o que acontecerá no ano seguinte. Os próprios direitos dos alunos ficam condicionados, porque "estão sempre sem apoio no mês de setembro”, acrescentaram.

O Sindicato estimou ainda que na greve nacional de sexta-feira o número de escolas encerradas aumente até aos “80%”.