Vários deputados responderam “Não” e um pequeno grupo empunhou folhas de papel onde se lia “silenciado” quando Sarah Clarke, funcionária e representante da rainha Isabel II que tem as funções de ‘Black Rod’, anunciou a convocatória aos deputados para se dirigirem à Câmara dos Lordes pouco depois da 01:00.
De acordo com o protocolo para a suspensão do parlamento, na ausência da monarca, é formada uma comissão de lordes para ler uma declaração sobre as leis e principais momentos da sessão legislativa que se encerra.
Os deputados da câmara baixa são chamados a deslocarem-se à câmara alta, mas o presidente da Câmara dos Comuns manifestou-se descontente com o processo, e disse querer “deixar claro que esta não é uma suspensão normal”.
“É uma das mais longas [suspensões] em décadas e representa, não só na opinião de muitos colegas, mas de inúmeras pessoas lá fora, um ato arbitrário de poder”, vincou Bercow, aplaudido pela oposição.
“Eu entendo perfeitamente porque grande números de deputados estão muito mais confortáveis permanecendo onde estão”, acrescentou.
Muitos deputados da oposição gritaram “vergonha, vergonha” durante a saída dos membros do governo e dos deputados do partido Conservador, os quais não regressaram no final da cerimónia à Câmara dos Comuns, como é habitual.
O parlamento vai ficar suspenso durante cinco semanas, até 14 de outubro, retomando os trabalhos apenas duas semanas antes da data prevista para o ‘Brexit’, a 31 de outubro.
De acordo com os registos históricos, esta é a mais longa suspensão em mais de 40 anos do parlamento que, na maioria dos casos, dura no máximo uma semana.
Este período de suspensão abrange a interrupção de três semanas normalmente feita para os principais partidos políticos realizarem os seus congressos, e que estava prevista para ter lugar entre meados de setembro e início de outubro.
Porém, a oposição considerou que a suspensão do parlamento foi usada pelo governo para limitar o tempo de debate sobre a iminente saída do Reino Unido da União Europeia, a qual o governo pretende concluir a 31 de outubro, com ou sem acordo de saída.
Os momentos de confusão na Câmara dos Comuns culminaram um dia em que John Bercow anunciou que pretende renunciar a 31 de outubro, após uma década em funções.
“Durante o meu tempo ‘speaker’, tentei aumentar a autoridade desta legislatura, pela qual não pedirei absolutamente desculpa a ninguém”, afirmou.
Já depois da meia noite, uma segunda proposta do governo para serem realizadas eleições legislativas antecipadas a 15 de outubro foi inviabilizada por falta de apoio da oposição britânica.
Durante a tarde de segunda-feira foi promulgada uma lei por iniciativa da oposição e de um grupo de deputados conservadores que determina que o governo tem de pedir um adiamento da saída da UE se até 19 de outubro não conseguir aprovar um acordo nem tiver autorização do parlamento para um ‘Brexit’ sem acordo.
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