Numa nota escrita enviada hoje à agência Lusa, fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos (CGD) afirmou que “a intersindical [que integra os sindicatos Force Ouvrière (FO) e CFTC, apoiantes da greve na sucursal francesa da Caixa] tem tido, desde o início, uma postura perturbadora das negociações, organizando assembleias-gerais diárias nas instalações do banco com sistemas de som que dificultam o trabalho dos colaboradores que não estão em greve”.
Neste contexto, o banco deliberou proibir a realização destas reuniões dentro das instalações da instituição.
“O direito à manifestação está a ser respeitado, mas o direito ao trabalho por parte de quem não aderiu a esta greve, que são cerca de dois terços dos colaboradores, fica deste modo garantido”, sustentou.
A intersindical FO-CFTC denunciou hoje à Lusa a proibição do acesso dos grevistas à sede do banco e aos locais da Comissão de Trabalhadores, em Paris.
Ao 18.º dia de greve, Cristina Semblano, porta-voz da intersindical, afirmou que, esta tarde, vai ser apresentada uma queixa no posto de polícia do 9.º bairro de Paris e na Procuradoria-Geral da República por "continuarem a proibir o acesso aos trabalhadores grevistas".
"Ontem [quinta-feira], tivemos de fazer a assembleia na rua. Hoje, continuam a proibir o acesso aos trabalhadores grevistas com cinco seguranças ao longo de um portão com três metros. É uma provocação, mas ainda nos deixa mais determinados", afirmou a porta-voz da intersindical.
Na quinta-feira à noite, em comunicado enviado à agência Lusa, a intersindical já adiantava que ia apresentar queixa no posto de polícia e na Procuradoria-Geral da República "por delito de entrave ao livre acesso dos trabalhadores grevistas aos locais da Comissão de Trabalhadores".
"A Direção Geral da Sucursal deu um novo passo no sentido da intimidação dos trabalhadores grevistas, proibindo-lhes o acesso à instituição e aos locais da Comissão de Trabalhadores, em completa violação da lei francesa", afirmava o documento, denunciando que "sob pretexto de assegurar a segurança, o que os dirigentes da CGD França pretendem é intimidar os trabalhadores grevistas, impedindo-os de se reunirem em assembleia-geral".
O comunicado indicava, ainda, que "a CGD França ainda não abriu negociações com os representantes dos trabalhadores em greve", uma semana depois do envio de uma carta aberta aos membros do Conselho de Administração do banco em que pediam a "abertura imediata de negociações com a comissão eleita pela assembleia-geral de trabalhadores em greve".
A intersindical acrescentava que "na ausência da abertura imediata de negociações, não terá outra alternativa senão dirigir-se ao Governo português".
"O desperdício de dinheiro público que constitui o facto de a Sucursal não estar a trabalhar nem sequer em regime de serviço mínimo, com agências encerradas ao público, outras a trabalhar em péssimas condições, serviços operacionais de apoio esvaziados e serviços de controlo reduzidos ao mínimo" é um dos argumentos.
Em 12 de abril foi votada uma "greve ilimitada", um movimento apoiado pelos sindicatos Force Ouvrière e CFTC, que querem respostas sobre o futuro da CGD em França, onde há 48 agências e mais de 500 trabalhadores.
A intersindical teme a alienação da sucursal francesa, quer ter acesso ao plano de reestruturação do banco e denuncia "atrasos nos aumentos salariais por mérito e carreiras desde 2016", assim como "disfuncionamentos da sucursal com impactos na saúde física e mental dos trabalhadores".
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