“O chefe do Estado Maior [Exército] foi desleal na comunicação que fez. Encenou a demissão”, disse Castaner em declarações ao jornal Le Figaro publicadas hoje.

O general de Villiers esteve no centro da polémica política em França desde o dia 12 de julho, altura em que foi conhecido o depoimento que prestou na Comissão de Defesa da Assembleia Nacional e que decorreu à porta fechada.

Pierre de Villiers denunciou “de forma incisiva” os cortes orçamentais para o setor da Defesa.

Um dia depois, o presidente Macron recriminava o general por ter lançado o debate público num ato perante a cúpula militar francesa em que quis “dar um golpe de autoridade”.

“Sou o vosso chefe”, terá afirmado o general perante as chefias militares, segundo o presidente francês.

Para Castaner, a demissão do chefe do Estado Maior do Exército não está relacionada com a sessão da Comissão de Defesa, apesar de o general – afirmou o porta-voz do presidente – ter sido consciente de que as declarações iriam transparecer em público.

“O comportamento foi inaceitável” disse Castener que também criticou Pierre de Villiers de ter prestado declarações a um blog, na internet, e “fazendo confidências” aos jornalistas.

“Comporta-se como um poeta reivindicativo. Gostaríamos de ter ouvido qual era a sua visão estratégica e capacidades (militares), muito mais do que os comentários sobre o orçamento”, acrescentou o porta-voz.

Castener recordou uma mensagem de Macron que, nos últimos dias, afirmou que os militares têm que estar ocupados com estratégia porque as matérias relacionadas com o orçamento são da competência da ministra da Defesa, Florence Parly.

Emmanuel Macron tentou pôr fim à crise, apontada como uma das mais graves dos dois meses no cargo, num discurso na base aérea de Istres referindo que em 2018 o setor da Defesa vai ser o único que vai beneficiar de um aumento orçamental.

Macron afirmou também que mantém o compromisso de aumentar os gastos com os militares até 2025 aplicando, por ano, dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em vez dos 1,80 por cento que são despendidos atualmente.