Discursando num jantar-comício em Loures (distrito de Lisboa), na sexta-feira à noite, para assinalar o 25 de Novembro, André Ventura disse ter ficado surpreendido com a opção do PSD.

“Ouvi Luís Montenegro dizer que tínhamos que apurar, tínhamos de saber e investigar, isto há uma semana e meia ou duas. Fiquei sensibilizado de que isto ia acontecer, pela primeira vez em muitos anos desde António Costa entrar no Governo podíamos ter a primeira frente verdadeiramente de direita para obrigar a investigar este Governo”, defendeu.

“O PSD afinal desistiu da comissão de inquérito, e eu fiquei com a clara sensação de que alguém tinha ligado ao líder do PSD e lhe tinha dito 'não te metas nisto porque isso vai sobrar para o PSD'”, apontou o líder do Chega.

E considerou que quando “há um escândalo”, o “outro partido também não quer investigar porque pode vir a afetá-lo a ele, depois nasce outro e este mesmo partido não tem interesse porque um dia, quem sabe, no futuro, isto pode ter consequências para eles”.

“Criaram um polvo gigantesco, criaram uma enorme máquina de corrupção que está sedimentada na nossa história de há 46 anos”, acusou.

No domingo, o Chega formalizou no parlamento a proposta de constituição de uma comissão de inquérito para que os deputados avaliem “a eventual interferência política do primeiro-ministro sobre o antigo governador do Banco de Portugal, quanto à posição da empresária Isabel dos Santos no BIC Português S.A” e “se o processo de resolução do Banif foi objeto de interferência abusiva por parte do Governo”.

Na quarta-feira, o PSD dirigiu 12 perguntas a António Costa sobre o afastamento de Isabel dos Santos do BIC e sobre a resolução do Banif, mas não afastou totalmente a possibilidade de um inquérito parlamentar no futuro sobre o caso, tendo o líder parlamento afirmado que o partido decidirá se avança “em função das respostas” do primeiro-ministro.

Hoje, o líder assinalou que o seu partido “foi o único” a avançar com a proposta de um inquérito parlamentar e criticou “os partidos de esquerda [que] assobiaram para o lado, disseram que não está em causa agora isso, [que] o que interessa é a grande luta do operariado”, enquanto a Iniciativa Liberal “sobre banca não pode falar muito, por isso não disse nada”.

Ainda no âmbito deste caso deste caso, o presidente do Chega acusou o primeiro-ministro de se estar “nas tintas para a separação de poderes, para a independência ou para a regulação independente”.

André Ventura acusou António Costa de ter querido “proteger a sua relação com Angola”, proteger “a sua relação com a família dos Santos” e “proteger uma criminosa”.

No seu discurso de cerca de 30 minutos, o presidente do Chega fez um paralelo entre o 25 de Novembro de 1975 e a atualidade, e destacou a luta do partido "contra o sistema".

"Hoje não é o PCP a querer pôr fiats à porta dos quartéis ou a sobrevoar os ares de Portugal, hoje é o PS a infiltrar-se na justiça, na administração pública, na banca, nas empresas e a querer comandar e mandar em tudo em Portugal, e só há um partido que lhes faz frente, o único que temem porque não tem medo de os enfrentar", defendeu.

André Ventura assumiu que o Chega não vai “desistir até ser o principal partido da oposição em Portugal para lutar pelo Governo contra António Costa em 2026” e apontou que “a luta de tanques, de armas e de aviões no céu é hoje a luta de rua a rua para conquistar a alma dos portugueses”.

“Este 25 de Novembro que precisamos, este 25 de Novembro a que hoje fomos transportados, é a luta que temos que hoje travar contra a corrupção no Governo socialista, contra o progressivo anulamento da classe média, contra o aumento brutal de impostos, contra a destruição dos pensionistas, contra a miséria a que nos querem vetar”, elencou.

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