A Polícia de Segurança Pública (PSP) abriu na terça-feira um processo de averiguações sobre a atuação policial contra uma mulher que foi detida no domingo na Amadora, ocorrência que envolveu “agressões” e que resultou numa queixa contra o polícia de serviço.
Hoje, em declarações aos jornalistas no parlamento, em Lisboa, André Ventura considerou que “tudo aponta” para que “este seja um caso de atuação policial legítima”.
“Portanto, custa-nos muito ver o crescimento dos clamores de racismo em torno disto”, declarou.
“Se o Ministério Público chegar a outras conclusões, serei o primeiro a admitir que estava a errado, mas tudo me aponta neste momento para que seja uma atuação policial legítima, de um agente policial que estava aliás já fora do seu horário, em circunstâncias de extrema agressividade por parte de um cidadão, e não só, porque depois houve outros cidadãos que se juntaram contra a força policial”, afirmou.
Para o deputado único do Chega, é preciso perceber de que lado se está: “Se queremos estar do lado daqueles que sistematicamente estão contra as forças policiais com a paranoia do racismo ou se estamos do lado daqueles que nos defendem”.
Questionado sobre as imagens que foram entretanto divulgadas da cidadã com ferimentos, e que foi depois encaminhada para o hospital, André Ventura afirmou que a informação de que o partido dispõe, e que “está por confirmar”, é que “as agressões demonstradas em imagens e em filmagens são consistentes com o que ocorreu dentro do autocarro em que a tal cidadã foi imobilizada por uma questão de necessidade imediata de salvaguarda da ordem”.
“Tanto quanto sabemos e a informação que temos, essas lesões são compatíveis com as técnicas que foram utilizadas, legítimas, de neutralização”, afirmou.
O partido, segundo o seu dirigente, “tem informações de que o que se passou efetivamente na Amadora tem contornos que merecem ser investigados pelo Ministério Público, mas que desmontam, sem qualquer margem para dúvidas, qualquer estigma de racismo”.
O deputado único do Chega criticou ainda a posição do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que “em vez de resolver o problema, aumenta-o sempre”.
“Nós vamos também questionar o ministro da Administração, mas não vamos fazer questões como o BE e como o Livre, não é questões para enterrar ainda mais as agentes de segurança. Nós vamos questionar ainda hoje o MAI é porque é que ele tem faltado tanto aos agentes e às forças de segurança quando eles também são agredidos e vem a terreiro ao fim de poucas horas sempre que há uma situação que envolve um polícia e um outro cidadão”, adiantou.
Na perspetiva de André Ventura, quando se olha para “a história toda”, vê-se “alguém que estava a incumprir regras, que tem um passado de agressividade – embora isso aqui possa não significar absolutamente nada – e que ainda reagiu mal a um polícia que já estava a acabar o seu dia de trabalho, estava fora do seu horário e alguém que decidiu intervir a bem de nós todos, a bem da nossa segurança”.
“Como é que a sociedade lhe responde? racismo, violência e tortura”, criticou.
No âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu também “uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra”, indicando que a mulher ficou “em estado grave” em resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarro e dentro da viatura da PSP em direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora, no distrito de Lisboa.
Sobre as circunstâncias da ocorrência, a Direção Nacional da PSP informou que o polícia acusado de agredir a mulher detida “foi abordado pelo motorista de autocarro de transporte público que solicitou auxílio em face da recusa de uma cidadã em proceder ao pagamento da utilização do transporte da sua filha, e também pelo facto de o ter ameaçado e injuriado”.
Ao contrário da denúncia contra o polícia, a PSP afirmou que a mulher reagiu de forma “agressiva” perante a iniciativa do polícia em tentar dialogar, “tendo por diversas vezes empurrado o polícia com violência, motivo pelo qual lhe foi dada voz de detenção”.
A partir do momento da detenção da mulher, alguns outros cidadãos que se encontravam no interior do transporte público tentaram impedir a ação policial, nomeadamente “pontapeando e empurrando o polícia”, disse a Direção Nacional da PSP, em comunicado, acrescentando que o polícia se encontrava sozinho.
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