Numa pergunta hoje entregue no parlamento, e dirigida aos gabinetes do primeiro-ministro e do ministro da Administração Interna, André Ventura, que é também líder demissionário do Chega, refere que se sucedem "os casos de ameaças e efetivo vandalismo a estátuas, monumentos e locais de elevada simbologia histórica e cultural", sem se referir em concreto à vandalização da estátua do padre António Vieira, em Lisboa, pintada com a palavra "coloniza", em tinta vermelha.

"Inspirados em movimentos internacionais completamente alheios à realidade portuguesa, alguns grupos de ativismo fanático ou pura e simplesmente marginais, insistem num ataque sem precedentes à nossa memória coletiva, perpetrando ações vergonhosas contra a nossa história, para além dos avultados prejuízos materiais", refere Ventura.

O deputado do Chega salienta que a Constituição atribui ao Estado o dever de "proteger e valorizar o património cultural do povo português" e questiona o Governo sobre "que rol de medidas estão previstas no sentido de reprimir e prevenir este tipo de ações, nomeadamente tendo em conta, que o contexto nacional e internacional favorece a sua continuidade e até o seu agravamento".

André Ventura considera ainda ser de "igual importância" saber se o Governo está disponível "a criar uma equipa policial especial de dissuasão deste fenómeno que envolva várias polícias e que permita a ação rápida e sem dar hipótese de réplicas".

Instalada no Largo Trindade Coelho, próximo da zona do Bairro Alto, a instalação da estatua do padre António Vieira resultou de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia, cuja sede se localiza naquele largo.

No dia da inauguração, a 22 de junho de 2017, o presidente da câmara, Fernando Medina, disse tratar-se de uma homenagem fundamental a "uma das maiores personalidades do pensamento" português até agora sem "a devida expressão de reconhecimento" na cidade.

No seguimento a morte do norte-americano George Floyd e das manifestações que se lhe seguiram, vários monumentos têm sido vandalizados e derrubados em cidades dos Estados Unidos, mas também na Europa, por serem associados ao racismo e a períodos da escravatura por alguns movimentos.