Falando aos jornalistas antes de uma arruada pelo centro de Évora, António Tânger Corrêa disse que "o que se passa também neste desvario é que o Governo de António Costa contratou uma empresa para receber e tratar dos pedidos de visto".
"Foi uma coisa que eu sempre me recusei, os meus colegas sempre se recusaram, a que uma empresa privada, de origem indiana, com sede do Dubai, trate dos vistos de Portugal. Porque é evidente que o resultado está à vista: contratos de trabalho falsos, vistos falsos, promessas falsas", indicou o antigo embaixador.
Tânger Corrêa sustentou que Portugal tem "uma rede diplomática e consolar e que é lateralizada, chutada para canto para que uma empresa indiana com sede no Dubai tenha o monopólio da instrução" e referiu que "que quando esses vistos chegam instruídos aos postos, o posto praticamente apenas assina o que é para assinar".
"Isto está errado e eu desafio daqui o doutor Montenegro, primeiro-ministro de Portugal, a revogar esse acordo imediatamente", salientou o cabeça de lista do Chega.
Sobre a questão do grupo político que os eurodeputados do Chega vão integrar no Parlamento Europeu e o tabu sobre a possibilidade de sair do Identidade e Democracia (ID), o candidato voltou a remeter essa discussão para depois de dia 09 de junho, indicando que ainda não se sabe "quais são as famílias políticas que vão ser formadas ou não após as eleições".
Questionado se o afastamento de posições entre o Chega e outros partidos que integram o ID, por exemplo quanto à guerra na Ucrânia, dificulta a esta força estar naquela família política, Tânger Corrêa não respondeu diretamente e disse que "neste momento o que está em jogo são as eleições europeias".
"A partir de dia 09 terei o maior gosto, como o André seguramente, em falar convosco e em dizer-vos quais são as nossas linhas mestras para o futuro", indicou, referindo que agora "não é o momento" e que ainda nem sabe se vai ser eleito eurodeputado.
E defendeu que não tem de esclarecer o eleitorado em relação a este assunto porque a posição do Chega "é imutável".
"É imutável aquilo que está no programa. Nós apoiamos a Ucrânia, nós não somos 'putinistas', nós não recebemos um tostão do senhor Putin, do senhor Soros, como recebem outros partidos que nos criticam", afirmou, recusando concretizar a quem se referia.
Sobre as críticas do cabeça de lista do Livre, Francisco Paupério, que disse que o Chega se “assume pró-Ucrânia”, mas vai integrar uma família política com partidos “pró-Rússia”, Tânger respondeu: "O senhor do Livre pode dizer o que quiser e o que lhe apetecer. Era melhor que se preocupasse com as coisas dele, mas já que se preocupa com as nossas, o Chega não se vai desviar um milímetro daquilo que consta do seu programa eleitoral."
Nesta arruada em Évora à hora de almoço e com temperaturas altas, o candidato do Chega voltou a contar com o presidente do partido a seu lado.
Quando chega, André Ventura fala primeiro aos jornalistas e durante bastante mais tempo.
Também como já costuma acontecer, o líder do partido liderou a comitiva na arruada, é ele que é abordado e interage com a população, tira fotografias, ficando o cabeça de lista mais atrás.
Várias vezes Ventura entrou em lojas para falar com comerciantes, e Tânger não o acompanhou, ficando à porta.
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