“A Amazónia é um verdadeiro paraíso da biodiversidade e uma fábrica de oxigénio, por isto, todos gostamos da Amazónia. Os países amazónicos, que são nove, e de entre os quais o mais importante em tamanho é o Brasil, tem soberania sobre a Amazónia e isto tem que ser reconhecido sempre”, declarou Sebastián Piñera, após uma reunião com o Presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.

O chefe de Estado chileno assegurou que são os países da Amazónia “os mais interessados e responsáveis em proteger a floresta e a sua biodiversidade”.

“[O Chile] e todos os demais países do mundo querem colaborar e investir para proteger melhor a Amazónia. (…) Estamos coordenando outros países que queiram fazer investimento para que o Brasil e os demais países amazónicos”, quando quiserem, possam fazer uso “desta colaboração de outros países”, acrescentou.

O Presidente brasileiro, que também falou à saída da reunião, disse que o país aceitou o envio chileno de quatro aeronaves para combater o fogo e reiterou as críticas ao Presidente francês, Emmanuel Macron.

“Nós aceitamos a colaboração de quatro aeronaves para ajudar a combater os focos de incêndio e é muito importante, no meu entendimento, dizer que houve um aproveitamento por parte do Presidente Macron para se capitalizar como a única pessoa interessada em defender o meio ambiente. Essa bandeira não é dele, é nossa, é do Chile e de outros países”, disse Bolsonaro.

O chefe de Estado brasileiro alegou que o Presidente francês “o Presidente da República [do Brasil] eleito democraticamente” e que depois “relativizou” a soberania do Brasil, o que “despertou o sentimento patriótico do povo brasileiro bem como de outros países da América do Sul que fazem parte da Amazónia”.

Os dois Presidentes disseram que vão coordenar a realização de uma reunião de líderes dos países da Amazónia, exceto a Venezuela, para analisar a situação gerada pelos incêndios.

A reunião, disse Jair Bolsonaro, realiza-se a 06 de setembro, em Letícia, uma cidade colombiana na fronteira com o Brasil e o Peru e contará com a participação dos presidentes de todos os países amazónicos, exceto do chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro.

O Presidente Bolsonaro também agradeceu a Piñera por ter levado a posição do Brasil sobre os incêndios individualmente aos líderes dos países do G7, durante uma reunião no passado fim de semana, em França.

Os desentendimentos entre os Presidentes brasileiro e francês acentuaram-se nas últimas semanas, quando o ministro dos Negócios Estrangeiros da França esteve no Brasil e Jair Bolsonaro se recusou a recebê-lo, alegando que tinha compromissos, mas apareceu pouco depois da hora marcada a cortar o cabelo numa transmissão no Facebook.

Os incêndios da maior floresta tropical do mundo reacenderam uma troca de palavras entre Bolsonaro e Macron.

Na semana passada, o Presidente francês disse que Bolsonaro lhe mentiu quando garantiu, na cimeira do G20, que reuniu líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão, o compromisso em preservar o ambiente.

Emmanuel Macron admitiu colocar em causa a assinatura do tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), assinado em 28 de junho, após 20 anos de negociações.

O Presidente francês anunciou que os países do G7 decidiram disponibilizar ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater os incêndios na Amazónia, mas Bolsonaro declarou que só aceitaria a ajuda se Macron se desculpasse do que classificou como ofensas contra si.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia, a maior floresta tropical do mundo e com a maior biodiversidade registada numa área do planeta, tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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