Em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes que foi considerada o epicentro do virus, a grande parte dos meios de transporte foi suspensa, incluindo transportes públicos e voos, sendo que o governo pede aos residentes para não abandonar esta localidade.

Agora, as ligações ferroviárias a Huanggang, cidade com 7,5 milhões de pessoas, e situada a 70 quilómetros a leste de Wuhan, ficam também interrompidas por período indeterminado, informaram as autoridades locais.

As autoridades consideram que o país está no ponto "mais crítico" no que toca à prevenção e controlo do vírus. O virus já causou 17 mortes e 571 pessoas estão infetadas só no território continental chinês, sendo que foram já detetados casos no Japão, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Estados Unidos e Macau.

Na quarta-feira, as autoridades tinham registado 131 novos casos, sendo que, até ao momento, os serviços de saúde chineses acompanham 5.897 pessoas que mantiveram contato próximo com pacientes infectados e, dessas, 4.928 estão em observação. Há pelo menos 15 médicos em Wuhan infetados depois de terem estado em contacto com paciente

Ficou ainda comprovado que o vírus se transmite sobretudo através das vias respiratórias. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, o período de incubação do vírus pode estender-se até 14 dias.

"Já há casos de transmissão e infeção entre seres humanos e funcionários de saúde infetados", disse Li Bin, vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, em conferência de imprensa.

"As evidências demonstram que a doença foi transmitida por via respiratória e existe a possibilidade de uma mutação do vírus", detalhou.

O Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) esteve reunida em Genebra, na Suíça, para analisar a hipótese de se declarar emergência de saúde pública internacional e determinar que recomendações serão feitas para controlar o coronavírus. Mas decidiu não fazer essa declaração e esperar para observar a evolução do vírus.

Os primeiros casos do vírus “2019 — nCoV” apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital da província central de Hubei, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral.

Em todos os casos, os doentes trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Wuhan. As autoridades desconhecem ainda a origem exata da infeção, mas vários indícios apontam para animais infetados, que são comercializados vivos, a transmitir a doença aos seres humanos.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.

O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.

Os casos alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu na quarta-feira prolongar até hoje a reunião do Comité de Emergência para decidir se declara emergência de saúde pública internacional o surto de um novo coronavírus na China.

[Notícia atualizada às 10:53]