A China vive um boom na aviação. No último ano, o número de passageiros aumentou 11%. Nos últimos cinco anos, o número de companhias aéreas aumentou 55%, e nos últimos dez anos a frota aérea chinesa triplicou e ultrapassou os dois milhares, 2.650 aparelhos.

O crescimento tem sido acentuado, mas ainda não acompanha a procura. Na realidade, ainda está muito longe de o conseguir. Para que a procura fosse totalmente correspondida, as companhias aéreas chinesas teriam que contratar quase 100 pilotos por semana nos próximos 20 anos. Com falta de soluções dentro do próprio país, o gigante asiático vira-se para o estrangeiro à procura de pilotos. E como o fazem? Acenam. Acenam com dinheiro, com muito dinheiro.


Giacomo Palombo é um antigo piloto da United Airlines. Em declarações à Bloomberg, Palombo conta que, durante semanas a fio, foi constantemente bombardeado com propostas para pilotar um Airbus A320 na China. A transportadora regional Qingdao Airlines ofereceu-lhe um vencimento de 318 mil dólares por ano (282 mil euros, ao câmbio atual). E a Sichuan Airlines, que já tem rotas intercontinentais, acenava com uma proposta de 302 mil dólares anuais (cerca de 268 mil euros, ao câmbio atual). As duas companhias aéreas ofereciam-se ainda para pagar as suas despesas durante o tempo em que estivesse a viver na China.

As companhias chinesas estão a oferecer contratos 5 vezes superiores aos dos seus rivais no resto da Ásia, escreve a Bloomberg.

Com ofertas a chegar aos 26 mil dólares mensais (cerca de 23 mil euros), pilotos de países de economias emergentes, como é o caso da Rússia e do Brasil, vêm-se na iminência de quadruplicar os seus salários na China. As palavras são de Dave Ross, presidente da Wasinc International, uma empresa que tem feito a ponte entre a China e o resto do mundo, estando a recrutar dezenas de pilotos para as transportadoras aéreas chinesas como a Chengdu Airlines, a Qingdao Airlines e a Ruili Airlines.

Ross diz que a situação chega ao mesmo ao extremo de se perguntar a uma companhia chinesa quantos pilotos precisam, e eles responderem: “tragam os que tiverem”. É um valor quase ilimitado, conta.

Os números chineses ganham uma dimensão ainda maior quando os comparamos com o salário médio anual de um piloto de uma grande companhia americana como a Delta, onde os números andam à volta dos 209 mil dólares anuais (185 mil euros). Há inclusive, nos Estados Unidos da América, transportadoras regionais que pagam menos de 25 mil dólares (22 mil euros) anuais, de acordo com a Air Line Pilots Association.

Nem tudo é um mar de rosas

Os "zeros" são chamativos, mas nem tudo é apelativo quando o que está em causa é mudar para a China. Basta olhar para toda a burocracia que é exigida. Depois de se candidatar a um trabalho na China, o processo de admissão de um piloto pode demorar até dois anos.

A segurança também será um fator a ter em conta. A zona da Ásia tem o pior ‘rating’ de acidentes. Há 3,2 acidentes por cada milhão de voos. Enquanto no resto do mundo este valor não chega aos 2 acidentes por um milhão de voos (1,8).

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