O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, considerou que o processo de reconciliação deve ser “liderado e detido pelo Afeganistão”, apesar da recusa dos rebeldes Talibãs, até à data, em negociar diretamente com o governo eleito do Afeganistão.
A China partilha uma estreita fronteira com o Afeganistão e tem receio de que o crime e a violência se alastrem para a volátil região de Xinjiang, transformada um estado policial, depois de anos de conflitos étnicos entre minorias étnicas de origem muçulmana e a maioria Han.
Pequim ofereceu apoio ao governo afegão e está a tentar explorar os depósitos de cobre e outros minerais do país.
O desejo de Pequim por estabilidade e as suas preocupações de disseminação do extremismo na região estão parcialmente em contradição com o desejo de ver o seu principal rival geopolítico, os Estados Unidos, a abandonarem a região.
Pequim tem tentado influenciar o governo de Cabul e os Talibãs.
“Felicitamos o acordo entre os EUA e o Talibãs e acreditamos que é de um significado positivo para a resolução política final da questão afegã”, afirmou Zhao.
“A China acredita que as tropas estrangeiras estacionadas no Afeganistão devem ser retiradas de forma ordenada e responsável, o que garantirá uma transição constante na situação afegã, evitará um vácuo de segurança e não permitirá que as organizações terroristas se fortaleçam”, defendeu.
Zhao disse que a China está disposta a “continuar a apoiar, mediar e facilitar o processo de paz e reconciliação no Afeganistão”, numa referência aos seus laços de amizade com os sucessivos governos do Afeganistão, desde o derrube do regime dos Talibãs pelos EUA há mais de 18 anos.
Os EUA assinaram no sábado um acordo de paz com os rebeldes para acabar com a custosa guerra e retirar as tropas norte-americanas, abrindo caminho para as primeiras negociações entre os militares e o conturbado governo afegão, que depende dos EUA e de outros apoios estrangeiros.
O início da próxima fase de negociações inclui um acordo entre os rebeldes e o Governo de Cabul, para a definição de um tratado de paz de longa duração.
O acordo prevê representantes do governo afegão na mesa de negociações com os Talibãs, mas apenas no papel de afegãos comuns.
A validade do acordo depende também do corte dos laços com organizações terroristas como a Al-Qaida, algo que não é claro que os militantes estejam dispostos ou capazes de fazer.
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