"A China quer beber do saber português no que respeita a uma componente específica da gestão de recursos hídricos, que tem a ver com a gestão dos ecossistemas ribeirinhos", avançou à agência Lusa João Matos Fernandes.
O governante português encontrou-se na terça-feira com o ministro dos Recursos Hídricos da República Popular da China, em Brasília, onde ambos participam no Fórum Mundial da Água, a decorrer até sexta-feira.
Tudo ficou apontado para que ainda este ano, referiu o ministro, seja celebrado um protocolo de cariz institucional e técnico-científico, numa deslocação de João Matos Fernandes à China.
Este acordo, acrescentou, representa sobretudo, e em primeiro lugar, uma oportunidade para as universidades e centros de saber, as entidades que têm mais atividade desenvolvida nesta área.
No contexto da plataforma entre a China e a União Europeia (UE) para esta matéria, Portugal irá assumir "um papel de particular importância" no que diz respeito ao apoio técnico relativo à reconstrução dos ecossistemas fluviais.
João Matos Fernandes referiu que "o grande salto" no planeamento da primeira geração de planos de bacia hidrográfica em Portugal, para a segunda geração, é que "a primeira é muito focada no recurso, na água propriamente dita, [enquanto]a segunda é muito focada em todo o ecossistema".
Com os segundos planos de bacia, aprovados em junho de 2016, "não é possível discutir-se o rio, enquanto quantidade de água, sem perceber toda a sua envolvente natural", recordou o ministro.
Acrescentou que algumas intervenções já em curso de recuperação de ecossistemas fluviais nas zonas afetadas por incêndios, "resultam muito deste 'know-how' que Portugal tem e foi capaz de expressar nos seus planos de bacia".
Trata-se de fazer uma recuperação, repondo condições naturais, que em algumas zonas já estavam degradadas ou não existiam no momento dos incêndios.
Numa sessão no pavilhão de Portugal, realizada na terça-feira, os ministros do Ambiente de Portugal e de Espanha apresentaram a Convenção de Albufeira, que "um 'Think Thank' independente avaliou como o mais interessante exemplo de uma convenção entre países para a gestão de rios partilhados", segundo João Matos Fernandes.
Muitos países estiveram presentes pois "não é nada comum" uma convenção deste tipo, disse o ministro, explicando que os instrumentos existentes são de princípios de gestão comum, "relevantes e um bom começo, mas aquilo que Portugal fez há 20 anos foi mais do que isso, pois definiu regimes de caudais".
"Não é nada normal" a definição de regimes de caudais ser expressa de forma "tão evidente" e, por isso, também "tão controlável ao longo do tempo", especificou ainda João Matos Fernandes.
O 8.º Fórum Mundial da Água, que começou na segunda-feira, junta delegações de 150 países, incluindo Portugal, e empresas do setor da água para debater os problemas deste recurso e formas para a sua utilização mais sustentável.
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