Representantes dos dois países, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, assinaram documentos numa cerimónia junto das duas bandeiras em Pequim, hoje, descreve a Associated Press.
A agência norte-americana descreve o acontecimento como uma vitória para a China, que considera Taiwan parte do seu território. A ilha só é reconhecida formalmente por 21 Estados, já que fazê-lo impede as relações com a China.
No dia 20, o governo são-tomense anunciou o corte com Taiwan após reunião do Conselho de Ministros, indicando que a decisão assenta no reconhecimento do princípio da existência de uma só China.
"O governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe, após consulta com o chefe do Estado (Evaristo de Carvalho), decidiu cortar formalmente as relações diplomáticas estabelecidas com Taiwan", lia-se no documento.
"Neste sentido, o Conselho de Ministros orientou o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades para, pelos canais oficiais, tomar imediatamente todas as disposições adequadas", acrescentou.
No comunicado de oito parágrafos, o governo referiu a "conjuntura internacional atual e da sua perspetiva de evolução e tendo em conta a agenda de transformação do país e os objetivos de desenvolvimento do milénio" como um dos motivos da rutura com Taiwan.
O Executivo do primeiro-ministro Patrice Trovoada sublinhou, por outro lado, que a evolução da conjuntura interna e a política económica do seu governo "impõem a defesa dos interesses genuínos de São Tomé e Príncipe e do seu povo", apesar de "não abdicar dos valores cardinais da sua política externa e o reforço da sua adesão ao princípio da não-ingerência nos assuntos internos de outros estados".
"As tensões prevalecentes no plano internacional, a multipolarização dos centros de decisão, bem como a defesa cada vez mais aguerrida dos interesses nacionalistas por parte dos principais atores da cena internacional em detrimento do multilateralismo, opção de longe mais favorável a expressão dos pequenos estados", foi igualmente justificado pelo governo são-tomense para o corte de relações com Taiwan.
No dia 21, o Governo chinês considerou "natural" a decisão de São Tomé e Príncipe de cortar relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China, realçando que o país africano fez a "escolha certa".
"É natural. Quando reconheces e decides finalmente que é a altura de fazer a escolha certa, esse é o momento", disse à agência Lusa a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.
Apesar de o país africano ter suspendido as relações com Pequim em 1997, reconhecendo Taiwan, o presidente Manuel Pinto da Costa visitou a China em duas ocasiões pelo menos.
"A China agradece e dá as boas-vindas ao regresso de São Tomé e Príncipe ao lado certo do princípio 'Uma só China'", disse Hua Chunying.
"O princípio 'Uma só China' [visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território] é o pré-requisito e base política para a China manter e desenvolver relações amigáveis e de cooperação com outros países", acrescentou.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica", mas ameaça "usar a força" caso a ilha declare independência.
Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.
Pequim e Taipé afirmam que existe uma só China.
Quando São Tomé decidiu reconhecer Taiwan, a ilha era um dos quatro "tigres asiáticos", ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura.
Apoiada numa pujante economia, Taiwan investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional.
Entretanto, a República Popular da China tornou-se a segunda maior economia mundial, com as maiores reservas cambiais do planeta, no valor de 3,44 biliões de dólares.
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