O Governo são-tomense anunciou na terça-feira o corte com Taipé e o reconhecimento da República Popular da China, reduzindo para 21 o número de países que reconhecem Taiwan como uma entidade política soberana.
Para o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, "o corte de relações não é acidental". Em editorial, o jornal sustenta que se trata de uma resposta à decisão de Tsai em recusar o "consenso 1992" e à conversa por telefone que manteve com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
O "consenso 1992" é um entendimento tácito alcançado em 1992 entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.
O jornal lembra que o número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes.
Em janeiro passado, Tsai Ing-wen venceu as eleições pelo Partido Democrático Progressista (PDP), que tradicionalmente defende a independência da ilha e o afastamento da China comunista.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a reunificação pacífica", mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.
"Num futuro próximo, é previsível que mais países cortem relações com Taiwan e procurem estabelecer laços com Pequim", prevê o Global Times.
"Taiwan é do tamanho de uma província, não pode competir económica e diplomaticamente com o continente chinês", nota.
Quando São Tomé decidiu reconhecer Taiwan, a ilha era um dos quatro "tigres asiáticos", ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, Taiwan investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional.
Entretanto, a República Popular da China tornou-se a segunda maior economia mundial, com as maiores reservas cambiais do planeta, no valor de 3,44 biliões de dólares.
Desde 2000, Pequim concedeu quase 100 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros) em assistência financeira aos países africanos, tornando-se o principal parceiro comercial de África.
"Agora que o continente [chinês] cresceu forte o suficiente para colocar Taiwan na sua órbita económica, os dois lados estão destinados a ser uma entidade maior", conclui o Global Times.
Comentários