A descoberta, em que participam dois investigadores do Departamento de Física da Universidade de Aveiro (UA) e do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, é relatada num artigo publicado na revista Science e abre caminho a novos desenvolvimentos para a eletrónica molecular.

Segundo os investigadores da Universidade de Aveiro, “os materiais magnetoelétricos combinam propriedades magnéticas e propriedades elétricas e a possibilidade de induzir sinergias entre estas propriedades, permitindo, por exemplo, controlar uma delas através da outra, confere-lhes potenciais aplicações, nomeadamente no armazenamento de informação de alta densidade, e em dispositivos eletrónicos de baixo consumo.

No entanto, explicam, “tais aplicações requerem uma forte interação entre as duas propriedades, o que raramente ocorre à temperatura ambiente nos materiais à base de óxidos inorgânicos conhecidos”.

“O desenvolvimento de materiais com um forte acoplamento magnetoelétrico, observado, pela primeira vez, num material molecular (cuja estrutura é constituída pela associação de moléculas individuais) à temperatura ambiente, permite alterar a polarização elétrica através da aplicação de um campo magnético, abrindo a possibilidade de materiais moleculares virem a substituir os magnetoelétricos inorgânicos tradicionais (óxidos ou fluoretos)”, salienta o artigo da revista científica.

A equipa de investigação perspetiva “um importante avanço na eletrónica molecular, através do desenvolvimento de novos sistemas multifuncionais, transparentes, mais baratos e sustentáveis do que os usados na eletrónica inorgânica tradicional”.

Sendo o estudo do acoplamento magnetismo/eletricidade em materiais moleculares um campo “inteiramente por explorar”, a descoberta “reforça a promessa do fabrico de dispositivos flexíveis para eletrónica molecular”, acrescenta.

Os investigadores e professores da Universidade de Aveiro Luís Carlos e Rute Ferreira, em colaboração com investigadores do Instituto Charles Gerhardt de Montpellier (Universidade de Montpellier/CNRS) e da Universidade de Coimbra, colaboraram no desenvolvimento de um material molecular emissor de luz.

De acordo com o artigo da edição de fevereiro da revista Science, esse material apresenta “uma forte ação combinada entre as propriedades magnéticas e elétricas à temperatura ambiente, resultante da associação entre ferroeletricidade e magnetostrição (a deformação da estrutura cristalina do material sob o efeito de um campo magnético)”.