“O Conselho Europeu foi suspenso pelo presidente. [Donald] Tusk irá agora ter reuniões bilaterais com os líderes. O Conselho Europeu será retomado uma vez que as reuniões forem concluídas”, escreveu Preben Aamann na sua conta na rede social Twitter.

A cimeira extraordinária, que começou às 21:23 horas locais (menos uma em Lisboa) com um atraso de cerca de três horas, foi interrompida pouco mais de uma hora depois de ter início e deverá ser retomada às 01:00 da madrugada de segunda-feira em Bruxelas.

A resistência apresentada pelos líderes do Partido Popular Europeu ao já denominado acordo de Osaka criou um novo impasse nas negociações para as nomeações dos cargos de topo da União Europeia (UE).

A proposta desenhada, à margem da cimeira do G20, na cidade japonesa de Osaka pela chanceler alemã, Angela Merkel, pertencente àquela família política, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo presidente do Governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, e pelo primeiro-ministro holandês, o liberal Mark Rutte, ‘entregava’ a presidência da Comissão Europeia ao socialista holandês Frans Timmermans.

A noite adivinha-se longa em Bruxelas, tão longa que os serviços do Conselho anunciaram que a cimeira de hoje pode prolongar-se até um “pequeno-almoço na segunda-feira”, uma hipótese que a chanceler alemã, Angela Merkel, pareceu não excluir à entrada da reunião.

“Atendendo ao presente estado das coisas, não serão discussões nada fáceis, é o mínimo que posso dizer. Provavelmente, vai demorar”, declarou, à chegada à sede do Conselho, em Bruxelas.

Também o primeiro-ministro português, António Costa, disse esperar “muitas horas de reunião” antes de os 28 chegarem a uma conclusão final sobre a distribuição dos lugares de topo da UE.

Após a cimeira inconclusiva de 20 de junho passado – que terminou já na madrugada de 21 sem ‘fumo branco’ -, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia voltam a reunir-se hoje em Bruxelas, em cima do prazo limite para tentar encontrar um compromisso, uma vez que na terça-feira tem início, em Estrasburgo, França, a sessão inaugural da nova legislatura do Parlamento Europeu (PE), na qual será eleito o presidente da assembleia, um dos lugares de topo negociados ‘em pacote’.

Além da presidência do executivo comunitário – o posto que todos querem, e pelo qual estão dispostos a ‘abrir mão’ dos restantes – estão em jogo as presidências do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e de Alto Representante para a Política Externa, assim como a presidência do Parlamento Europeu, já que, embora esta seja decidida pelos eurodeputados, é tradicionalmente também negociada ‘em pacote’, de modo a serem respeitados os necessários equilíbrios (partidários, geográficos, demográficos e de género) na distribuição dos postos.

Perante o impasse nas negociações entre as três grandes políticas famílias europeias – Partido Popular Europeu (PPE), Socialistas Europeus e Liberais –, o Parlamento Europeu decidiu adiar por 24 horas a eleição do seu novo presidente, que estava agendada para terça-feira, primeiro dia da sessão, e passa para quarta-feira, esperando que até lá o Conselho chegue a um compromisso.