As inundações mataram centenas de pessoas e afetaram a sua subsistência, dizimando mais de um milhão de hectares de terras agrícolas e deslocando dezenas de milhares de pessoas das suas casas.

“Esta catástrofe relacionada com o tempo é uma das mais mortíferas que a região tem visto nos últimos anos e é suscetível de agravar a já preocupante situação de fome de milhões de pessoas”, refere o PAM numa declaração divulgada hoje.

“As famílias na África Ocidental já foram afetadas por conflitos, pelas consequências socioeconómicas da pandemia (covid-19) e pelo aumento dos preços dos alimentos”, disse Chris Nikoi, o diretor regional da agência para a África Ocidental.

Segundo o responsável, “estas inundações são como um multiplicador de miséria e são a última gota para as comunidades que já lutam para se manterem à tona”.

Entre os países mais atingidos encontram-se a Nigéria, onde as inundações afetaram 3,48 milhões de pessoas, causaram numerosas mortes e destruíram 637.000 hectares de terras agrícolas, e o Chade, que está a sofrer as piores inundações em 30 anos, com um milhão de pessoas afetadas, centenas de casas destruídas e graves danos em terras agrícolas e meios de subsistência.

Também as chuvas torrenciais afetaram 109.000 pessoas na Gâmbia e 35.000 na República Centro-Africana (RCA), no final de julho.

Esta situação é agravada pelo facto de os preços dos alimentos em muitos países da região continuarem a subir em comparação com a média de cinco anos.

“Os preços do milho, por exemplo, aumentaram 106 por cento, 78 por cento e 42 por cento respetivamente no Gana, Níger e Nigéria”, disse o PAM, enquanto no Burkina Faso, os preços aumentaram 85 por cento e na Mauritânia 49 por cento.

A Serra Leoa, entretanto, viu um “espantoso” aumento de 87% no custo do arroz importado, de acordo com a ONU.

O PAM recordou que estas inundações estão a atingir a África Ocidental e Central enquanto os líderes mundiais se preparam para enfrentar a crise climática na 27.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27), a ter lugar de 6 a 18 de novembro no Egito.

A este respeito, a agência destacou a necessidade “urgente” de ajudar as comunidades na linha da frente da crise climática a adaptarem-se, a aumentarem as soluções para enfrentar as perdas e danos sofridos durante as catástrofes relacionadas com o clima e a investirem na ação climática em contextos frágeis.