Neste projeto, há três períodos, o que começa agora e decorre até final de 2026, o segundo, que acontecerá durante 2027, e o terceiro período, que irá “até à eternidade”, disse à agência Lusa Luís de Matos, coordenador do grupo de trabalho, constituído na sequência do convite que a Câmara de Coimbra, liderada pelo socialista Manuel Machado, lhe fez para liderar o projeto.
O tempo que falta para 2027 é para o grupo de trabalho e para toda a comunidade, que vai muito para além da cidade, “transformar Coimbra, a região, naquilo que a fará merecer ser um exemplo” naquela celebração. E é isto, sustenta Luís de Matos, que torna este projeto “ambicioso e o torna inclusivo”.
Este projeto será – e já começa a ser – protagonizado não tanto por este grupo de trabalho, mas sobretudo por muitas pessoas e entidades, a nível “local, regional, nacional e mesmo internacional” (e que são “muitas mais” do que se possa pensar), que “gostavam que Coimbra fosse o que às vezes não é” ou que sentem que há nela “uma ou outra lacuna”.
Não são muitas as debilidades da cidade/região, “mas há coisas” que devem ser feitas e “este é o momento, esta é a oportunidade para fazer a diferença”, afirma Luís de Matos.
“Há muitas pessoas em Coimbra, na região, no país, na Europa e no mundo” que encaram esta oportunidade como “um dever, porque percebem o que é Coimbra e o papel que teve – e continua a ter – na história de Portugal e da Europa”.
Em 2027, quem visitar Coimbra sentirá que é um ano de “festa inspiradora, uma celebração que refletirá a cultura europeia vivida neste território”, porque não confunde Capital Europeia da Cultura como uma espécie de “concurso de programação exemplar”.
Se se tratasse apenas de criar um programa, não era necessário todo o trabalho que está a ser e será desenvolvido até ao final de 2026 – e do qual o grupo dará conta trimestralmente, cuja primeira sessão pública está agendada para sexta-feira –, bastava “contratar um programador e dar-lhe um orçamento”.
Este é o tempo, portanto, de criar públicos, de reabilitar equipamentos, de “fazer alterações estruturais, com que todos sonham”, mas a principal “matéria-prima é Coimbra, a primeira capital de Portugal, uma das mais antigas universidades, Património da Humanidade”, terra de onde “saíram e continuam a sair pessoas” que influenciaram o mundo em muitas áreas.
Por isso, este projeto é muito mais ambicioso e sobre uma região que “tem tudo e tanto”, que não permite encarar a Capital Europeia da Cultura como mais “um evento epicamente falhado. Mais do que “incentivar à cultura, 2017 é para celebrar a cultura, para celebrar a vivência cultural, a partilha de um património com o mundo”.
“No dia em que Coimbra ganhar o título [Capital Europeia da Cultura] englobará todas as outras cidades da região”, assegura Luís de Matos, considerando que “é altamente positivo que muitas cidades criem condições de reflexão, potenciada pela ambição de serem capitais europeias da cultura – estimula a discussão, a reflexão, a ambição”.
Na região Centro, Guarda, Leiria e Viseu já manifestaram intenção de concorrerem a Capital Europeia da Cultura em 2027 (Lisboa, Porto e Guimarães são as cidades portuguesas que conquistaram esse estatuto, em 1994, 2001 e 2012, respetivamente).
Mas a firme convicção de que Coimbra será a escolhida não pode ser, “de maneira nenhuma”, interpretada como atitude de certa arrogância. “Coimbra jamais se pode dar ao luxo de ser arrogante. Nem precisa de o ser, por tudo o que foi e continuará a ser e, sobretudo, porque “a arrogância é sinal de ignorância”, conclui.
A candidatura tem o apoio designadamente da Universidade de Coimbra (UC), por deliberação unânime do Senado, e da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, que integra 19 municípios.
Além do mágico Luís de Matos, o grupo de trabalho é constituída pelo médico e presidente do PSD de Coimbra, Nuno Freitas, pelo deputado municipal da CDU e antigo diretor do Conservatório de Música de Coimbra, Manuel Rocha, pelo vice-reitor da UC para a área do turismo, Luís Menezes, pelo antigo diretor regional da Cultura do Centro António Pedro Pita, e pela antiga vice-reitora da UC Cristina Robalo Cordeiro.
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