Com os números hoje anunciados, a Bélgica, país com uma dimensão semelhante à de Portugal (11,5 milhões de habitantes) passou a ter a pior taxa de mortalidade associada ao novo coronavírus, com 419 mortes por milhão de habitantes, à frente de Espanha (409), e muito acima daquela registada, por exemplo, na vizinha França (262).

Com uma população ligeiramente superior à de Portugal, a Bélgica (11,5 milhões de habitantes) tem assim quase oito vezes mais mortes (até à data de hoje morreram 629 pessoas em Portugal vítimas da covid-19).

Face a estes dados, o Governo belga já teve de prestar justificações e argumenta que tal se deve ao facto de ser “transparente” e contabilizar as mortes como nenhum outro país o faz.

Segundo a primeira-ministra, Sophie Wilmès, a Bélgica “optou pela maior transparência na comunicação das mortes ligadas ao covid-19″, ainda que isso signifique incluir “números por vezes sobrestimados”.

Uma das particularidades do método de contagem de mortes na Bélgica associados à pandemia de covid-19 é o facto de as autoridades incluírem os óbitos registados em lares de terceira idade — são quase 1.500 os lares distribuídos pelo país – mesmo sem confirmação, por análise, de infeção pelo novo coronavírus, mas apenas com base em suspeitas.

“Na Europa, nenhum país conta como nós. Aqui, fazemo-lo da maneira mais detalhada”, argumenta por seu turno a ministra da Saúde, Maggie de Block, que tem sido duramente criticada internamente pela gestão da crise.

De acordo com os dados hoje fornecidos pelas autoridades belgas, desde o início da pandemia, o país conta com 34.809 casos confirmados e atualmente encontram-se hospitalizadas 5.309 pessoas, 1.182 das quais nos cuidados intensivos.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.