António Guterres citou exemplos como os de Mahatma Ghandi, ativista e pacifista indiano, e Martin Luther King Jr, líder do movimento de defesa dos direitos civis dos afro-americanos, e, adiantou a Associated Press (AP), disse aos jornalistas que “a inquietação na vida das pessoas” desencadeou manifestações pelo mundo, desde o Médio Oriente à Europa, África, Ásia, América Latina e Caraíbas.
Reconhecendo que cada situação é única, Guterres declarou ser “claro que existe um défice crescente de confiança das pessoas no sistema político, assim como ameaças crescentes ao contrato social”.
“O mundo está também a lutar contra os impactos negativos da globalização e novas tecnologias, que aumentaram as desigualdades nas sociedades”, afirmou António Guterres.
“Mesmo onde as pessoas não estão a protestar estão a sofrer e querem ser ouvidas”, acrescentou.
O secretário-geral da ONU notou que as pessoas querem respeito pelos direitos humanos, querem ter uma palavra a dizer nos processos de decisão que afetam as suas vidas e querem condições de igualdade nos sistemas sociais, económicos e financeiros.
António Guterres reiterou a sua profunda preocupação que alguns protestos se tenham tornado violentos e tenham levado à morte de pessoas, e sublinhou a obrigação dos governos em garantir a liberdade de expressão e reunião, sendo que “as forças de segurança devem agir com máxima contenção, em conformidade com o direito internacional”.
“Não pode haver qualquer desculpa para a violência — de qualquer parte”, disse.
Em resposta a uma pergunta sobre as manifestações no Iraque que se tornaram mortíferas, Guterres adiantou que as mais recentes evidências recolhidas pelas Nações Unidas mostram “violações substanciais dos direitos humanos que têm de ser claramente denunciadas e condenadas”.
Quanto aos protestos no Líbano assinalou que o país “tem de resolver os seus problemas com diálogo”.
Guterres apelou à ação para criar uma globalização justa, fortalecer a coesão social e responder à crise climática, observando que estes são os objetivos da ONU para 2030 que querem pôr fim à extrema pobreza, promover o desenvolvimento económico, preservar o ambiente e combater a desigualdade.
“Com solidariedade e políticas inteligentes os líderes podem mostrar que compreendem e apontar o caminho para um mundo mais justo”, disse.
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