“Não é uma adaptação fácil, mas temos este desafio e estamos todos empenhados. Formámos os colaboradores das regras indicadas pela autoridade de saúde e vamos também sensibilizar os utentes. Esperemos que todos tenham essa consciência”, afirma à Lusa Isolete Correia, diretora da Marina de Vilamoura, responsável por sete concessões de praia, em Albufeira e Loulé.

No caso da praia da Rocha Baixinha Poente, também conhecida como Praia da Falésia, no concelho de Albufeira, as diferenças vão ser notadas logo à saída do parque de estacionamento, não só pela existência de placas de aviso, como pela obrigação de circulação dos peões pela direita.

Segundo Isolete Correia, o sentido de circulação vai estar visível assim que os banhistas iniciem a passagem na ponte que dá acesso à praia e permite atravessar a ribeira de Quarteira, linha de água que separa o concelho de Loulé do de Albufeira.

“Ainda faltam os chinelos que vamos colar no chão para que se perceba melhor” indica aquela responsável, enquanto explica algumas das alterações que foi necessário fazer.

Esta é uma regra que se irá aplicar ao longo de todos o passadiços, incluindo os existentes já na areia, que foram duplicados “para evitar ao máximo a proximidade entre as pessoas”, acrescenta.

A zona onde era possível lavar os pés está em fase de remodelação, já que “vão ser substituídos por lava mãos”, tanto por serem “mais indicados para a higienização”, como por serem habitualmente uma zona de concentração de pessoas, o “que agora se procura evitar”, destaca.

Na areia, os toldos dos seis concessionários ordenados ao longo de um quilómetro de praia já estão praticamente todos colocados, “respeitando os três metros de separação de segurança”, o que implicou “uma diminuição quase para metade”.

Isolete Correia adianta que foi feito um pedido para aumento da área, “que ainda aguarda resposta”, manifestando-se esperançosa que o resultado venha positivo.

O otimismo manifesta-se também na expectativa para o verão, que “terá muito mais portugueses”, estima, até porque “é o destino preferidos dos turistas nacionais”.

Contudo, a diretora da Marina de Vilamoura mantém a esperança que a abertura das fronteiras traga “alguns turistas estrangeiros” e pede, por isso, um alargamento da época balnear.

“Já manifestámos a nossa vontade que a época seja alargada para além de 30 de setembro e, se tudo correr bem, as autoridades estarão sensibilizadas para a estender, conforme já aconteceu nos outros anos”, afirma.

No Algarve, a época balnear começa em todas as praias em 06 de junho, primeiro dia possível, com término em 30 de setembro, à exceção de 11 praias, que prolongam a época até 15 de outubro. Em 2019, o arranque ocorreu em 15 de maio ou 01 de junho e o fim em 30 de setembro ou 15 de outubro.

A poucos quilómetros de distância da praia da Falésia, na praia de Quarteira, já situada em pleno concelho de Loulé, está também praticamente tudo preparado para o início tardio da época balnear, em vários aspetos atípica.

“A logística é mais intensa, de manhã tem de se desinfetar tudo antes do cliente chegar, na hora de almoço há também um período para a desinfeção e sempre que houver uma troca nos toldos”, releva à Lusa o presidente da Associação dos Concessionários da Praia de Quarteira.

Ao longo do areal, os toldos já estão bem alinhados e “há quem tenha perdido muitos”, afirma Nelson Guerreiro, revelando que há pedidos para se acrescentar “mais uma ou duas” linhas: “Agora é ver se haverá toldos para todos, com a questão da rotatividade”.

O otimismo é algo contido, mas percetível nas palavras de quem há mais de uma década explora um das muitas concessões nesta praia de característica urbanas.

Apesar de o mês de maio e de a primeira quinzena de junho “estarem perdidos”, época em que normalmente se trabalhava com turistas estrangeiros, Nelson acredita que “vai correr tudo bem” e que este ano “se trabalha com os portugueses”.

As exigências desta época balnear trazem consigo “uma alteração nos custos da operação” com a necessidade da contratação de “mais pessoal para a logística dos toldos, a desinfeção e a orientação dos clientes”, essencial para que os clientes “tenham confiança no sítio onde se vão sentar”, frisa.

Os produtos de desinfetação são outro encargo extra e são “caríssimos”, confidencia, revelando que os que a associação encomendou para as sete concessões “apenas servem para o início da época”, sendo “quase certa” a necessidade de um reforço “lá para agosto”, avança.

O Governo determinou que a época balnear pode começar este ano em 06 de junho, mas estabeleceu regras para a utilização das praias, devido à pandemia da covid-19, como um distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e afastamento de três metros entre chapéus de sol, toldos ou colmos.

Os toldos e chapéus a cargo dos concessionários só poderão ser alugados por cada pessoa ou grupo numa manhã (até às 13:30) ou tarde (a partir das 14:00) e todos os equipamentos como gaivotas, chuveiros, espreguiçadeiras ou cinzeiros “devem ser higienizados diariamente ou sempre que ocorra a mudança de utente”.

Em Cascais, prepara-se tudo com otimismo e espírito de sobrevivência 

O otimismo e o espírito de sobrevivência são os sentimentos dominantes nos concessionários das praias da linha de Cascais que, em contrarrelógio, ultimam os preparativos para a abertura de uma época balnear cheia de desafios devido à covid-19.

É num ritmo frenético que vários funcionários do bar de praia Fizz, situado na praia de Carcavelos, no concelho de Cascais, se deslocam pelo espaço para executar várias tarefas de limpeza e de pinturas.

Uns metros mais à frente, uma retroescavadora perfura o areal, onde são colocadas estacas para construir corredores de circulação, uma das soluções encontradas para permitir distanciamento físico entre os banhistas.

Com olhar atento ao que se vai passando, Vasco David, diretor do bar “Fizz” e também do restaurante Pastorinha, relata à agência Lusa os procedimentos adotados para cumprir as exigências determinadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Aqui na praia temos já os colmos com as distâncias regulamentares de três metros de aba a aba. Temos o nosso espaço já circundado e toda a sinalética que é pedida”, conta, sublinhando que também o espaço interior foi alvo de várias mudanças de funcionamento.

Apesar de ser uma época balnear “bastante atípica”, devido à pandemia da covid-19, Vasco David manifesta-se otimista com o negócio.

“As nossas expectativas não são más. Ou seja, nós esperamos dificuldades, porque isto é novo para toda a gente. No entanto, as expectativas são boas porque as pessoas já estão a precisar de apanhar ar, sol, e a praia sempre foi um sítio ótimo para isso”, sublinha.

Cerca de um quilómetro mais à frente, junto ao restaurante Casa da Praia, ainda na praia de Carcavelos, é também notório os últimos preparativos para a reabertura da época balnear.

Alexandre Martinez Marques, responsável por este concessionário, conta à Lusa que estão a fazer “todos os possíveis” para terminar os trabalhos na sexta-feira.

“Esperamos ter a nossa área concessionada preparada para sábado. Vamos ver se conseguimos. Teremos cerca de metade dos chapéus e espreguiçadeiras que costumamos ter”, refere, apontando para o areal.

Á semelhança de outros concessionários, também o responsável pela “Casa da Praia” quer acreditar que a época balnear será positiva.

“Este ano tudo é diferente e nós estamos conscientes disso. Mas estamos otimistas porque o difícil foi estar parado dois meses. Foi extremamente penalizador. Mas, agora estamos abertos e cheios de vontade de trabalhar”, atira.

No entanto, nem todos conseguem esconder a tristeza pela situação que será vivida este ano, como é o caso de Jean Paul, um francês que gere há cinco anos o restaurante “La Plage”.

“É muito complicado para nós. Estou aqui há cinco anos e nunca vi uma coisa assim. A praia tão vazia”, lamenta, num português misturado com francês.

As readaptações às medidas impostas pela DGS nas praias do concelho de Carcavelos têm sido acompanhadas de perto pela representante dos concessionários do concelho, Paula Vilafanha, que aproveita ao máximo para dar dicas e explicações aos seus associados.

“Todos os concessionários fizeram um esforço enorme para conseguir corresponder às indicações da DGS. A maioria dos concessionários são pequenas e médias empresas e já todos percebemos que estamos a viver um ano do ponto de vista empresarial em que a prioridade será sobreviver e manter os negócios abertos”, ressalva.

Apesar das dificuldades, a responsável faz um balanço positivo do trabalho que está a ser desenvolvido pelos concessionários.

“Existe um grande espírito de colaboração para ultrapassar o desafio que esta pandemia nos apresentou a todos. É um cenário totalmente novo e não existe um manual de normas”, atesta.

Na vizinha praia da Torre, já no concelho de Oeiras, o cenário é também de azafama por parte dos concessionários, embora a época balnear se inicie uns dias mais tarde, em 10 de junho.

“Há uma série de procedimentos que temos de prever, entradas, saídas, circulação e a desinfeção dos colmos. Depois temos os horários que não poderão ser do dia inteiro, mas sim em dois turnos. É uma corrida contra o tempo para que não falhe nada”, sublinha a diretora comercial do Beach Oeiras Club, Mafalda Pedretti.

Novamente na praia de Carcavelos, dois nadadores-salvadores percorrem o extenso areal numa mota 4, enquanto observam atentamente os banhistas que arriscam um mergulho.

João Pinheiro, um dos nadadores-salvadores, sublinha à Lusa que, além dos salvamentos no areal ou no mar, estes profissionais terão um papel importante na sensibilização para o cumprimento das medidas de segurança.

“Por norma, acho que têm respeitado e mantido a distância. Tentamos conversar o máximo possível com as pessoas para as sensibilizar, mas não somos nenhuma autoridade. Este verão vai ser diferente de todos, mas espero que seja o mais normal possível”, atestou.

Segundo as recomendações do Governo, durante a época balnear os utentes das praias devem assegurar um distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e afastamento de três metros entre chapéus-de-sol, toldos ou colmos.

Já os restaurantes, bares ou esplanadas devem higienizar regularmente os espaços (com o mínimo de quatro limpezas diárias), limitar a capacidade a 50% e reorganizar as esplanadas para assegurar o distanciamento de segurança.

Os toldos e chapéus a cargo dos concessionários, só poderão ser alugados por cada pessoa ou grupo numa manhã (até às 13:30) ou tarde (a partir das 14:00) e todos os equipamentos como gaivotas, chuveiros, espreguiçadeiras ou cinzeiros “devem ser higienizados diariamente ou sempre que ocorra a mudança de utente”.