“É uma honra e um privilégio ser comandante de uma Força Nacional Destacada e ter a possibilidade de comandar os militares que compõem a minha força em todas as especialidades e áreas. O trabalho que temos desenvolvido é um orgulho para mim em nome de Portugal, dos portugueses e de todos os militares”, disse o tenente-coronel paraquedista João Bernardino, que falou com a agência Lusa através de uma ligação telefónica via satélite.
O tenente-coronel lidera a 3.ª força Nacional Destacada Conjunta, composta por 159 militares, 156 do Exército, sendo 126 paraquedistas, e três da Força Aérea, que iniciaram a sua missão em 05 de março de 2018 e têm a data prevista de finalização no início de setembro.
Os militares que estão no terreno compõem a Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force) da Minusca, a Missão Multi-dimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana e têm a sua base principal na capital, Bangui.
“Estamos num campo na cidade de Bangui. A Força de Reação Rápida é uma força de primeira intervenção que pode atuar em qualquer parte da RCA se assim for necessário. Estivemos projetados nos últimos 30 dias e regressámos no dia 11. Estamos numa fase de regeneração”, afirmou.
João Bernardino disse que os militares portugueses, apesar de cansados, estão “moralizados e concentrados” nas suas tarefas.
“A situação dos militares é de permanente prontidão para fazer face às necessidades e às circunstâncias de acordo com as tarefas atribuídas a nós como Força de Reação Rápida, o que nos obriga a ter um estado de prontidão elevado e que o material esteja pronto para as necessidades, que por vezes nos obriga a deslocamentos, tal como fizemos agora, de 400 quilómetros”, frisou.
O comandante da força respondeu ainda sobre a polémica em relação ao armamento, relacionado com o uso da G-3 em detrimento da espingarda automática Galil, referindo que os militares estão equipados para responder ao cenário encontrado.
“As armas que temos aqui são as G-3, mas que foram melhoradas com novos acessórios, que melhoram a sua eficiência. A G-3 que temos aqui responde aos requisitos operacionais para o teatro de operações da RCA”, defendeu.
Os militares da 3.ª força Nacional Destacada Conjunta portugueses já estiveram envolvidos em quase duas dezenas de confrontos desde que iniciaram a sua missão a 05 de março.
“A força teve 18 contactos com grupos armados desde que iniciámos a nossa missão a 05 de março. A missão tem decorrido com os mesmos parâmetros de ameaça e risco que decorreu a primeira e segunda Força Nacional Destacada para a RCA. De acordo com as missões atribuídas, temos efetuados as tarefas necessárias”, disse, referindo que os outros contingentes também responderam “em conformidade” em todas as situações.
Sobre a RCA, o comandante da força nacional referiu que existe muito trabalho a ser efetuado, de modo a apoiar as populações.
“É necessário trabalhar para apoiar as instituições do Governo, as estruturas que constituem a Minusca e a população. Existe trabalho pela frente, que vai demorar algum tempo, mas que é permanente e persistente de todos os elementos que constituem a Minusca para apoiar as populações e fazer frente a estes grupos armados que desestabilizam a situação na RCA”, salientou.
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