Vários palestinianos relataram bombardeamentos israelitas noturnos no centro e sul de Gaza, em particular em Khan Yunis, a segunda maior cidade do território, que se tornou o principal cenário das operações israelitas nas últimas semanas.
O Ministério da Saúde do Hamas informou que 105 civis morreram nas últimas horas em Gaza.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou na quinta-feira que o "Hamas contabiliza 10.000 terroristas mortos e 10.000 que ficaram fora de combate".
Na frente diplomática, os esforços continuam para tentar obter uma segunda trégua, após a de novembro, que permitiu a libertação de uma centena de reféns em troca da libertação de quase 300 prisioneiros palestinianos.
Após uma reunião em Paris entre o diretor da CIA, William Burns, e representantes do Egito, Israel e Qatar, uma proposta de trégua foi apresentada ao Hamas.
O líder do movimento islamista palestiniano, Ismail Haniyeh, exilado no Qatar, deve viajar ao Egito para conversar sobre a proposta.
Segundo uma fonte do Hamas, a proposta é composta por três fases. A primeira incluiria uma trégua de seis semanas, período em que Israel libertaria entre 200 a 300 presos palestinianos em troca de 35 a 40 reféns. Além disso, entre 200 e 300 camiões de ajuda humanitária poderiam entrar a cada dia em Gaza.
"Esta proposta foi aprovada pela parte israelita e agora temos uma confirmação preliminar positiva do Hamas", disse o porta-voz do governo do Qatar, Majed al Ansari, que espera "poder dar uma boa notícia nas próximas duas semanas".
Uma fonte do Hamas, no entanto, declarou à AFP que "ainda não há acordo sobre a implementação" da proposta e que "a declaração do Qatar foi apressada e não é correta".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tem sido pressionado tanto pelas famílias dos reféns para alcançar um acordo, assim como por alguns dos seus ministros, que ameaçam renunciar no caso do anúncio de um pacto "muito generoso" com os palestinianos.
Manifestantes protestaram nas ruas de Tel Aviv na quinta-feira à noite para exigir um acordo que permita a libertação dos reféns. "A única maneira é chegar a um acordo", declarou Moran Zer Katzenstein, de 41 anos. "Depois disso, teremos tempo para lidar com o Hamas e retirar a gestão e a liderança de Gaza (...) mas primeiro temos de tratar dos reféns".
Quase 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel e executaram um ataque que matou pelo menos 1.163 pessoas, a maioria civis, segundo o balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas. Mais de 100 reféns foram trocados por presos palestinianos na trégua de uma semana no fim de novembro.
Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre para "aniquilar" o Hamas, considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos e a União Europeia, que deixou mais de 27.000 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Entretanto, o governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, anunciou na quinta-feira sanções a um grupo de colonos judeus acusados de violência contra civis palestinianos na Cisjordânia ocupada.
A violência dos colonos judeus atingiu "níveis intoleráveis", escreveu o presidente americano, Joe Biden, na sua ordem executiva. O governo de Israel criticou as sanções, por considerar que "não há espaço para medidas excepcionais" contra os colonos na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.
Os colonos israelitas mataram pelo menos 10 palestinianos e incendiaram dezenas de casas na Cisjordânia ocupada em 2023, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Yesh Din.
Noutro sinal de tensões entre Israel e os países ocidentais, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Hadja Lahbib, anunciou na quinta-feira que convocou a embaixadora de Israel em Bruxelas após um suposto bombardeamento contra um escritório de uma agência belga de desenvolvimento em Gaza.
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