Daniel Graham, de 39 anos, e Adam Carruthers, de 32, embarcaram numa "missão idiota" para cortar em minutos uma árvore que existia há mais de 100 anos. Foi este o argumento utilizado pelo procurador, Richard Wright KC, no tribunal da coroa de Newcastle.

Os dois homens, de Cumbria, negaram as duas acusações de vandalismo à árvore e à Muralha de Adriano, onde a mesma ficava.

O procurador disse que a árvore ficava numa falha na parede no Parque Nacional de Northumberland e tornou-se num "local famoso, reproduzido inúmeras vezes em fotografias, filmes e obras de arte".

Graham e Carruthers viajaram no Range Rover de Graham de Cumbria nas últimas horas de 27 de setembro de 2023.

"Ao nascer do sol de quinta-feira, 28 de setembro, a árvore tinha sido derrubada deliberadamente com uma motosserra, no que foi um ato criminoso, deliberado e insensato", disse o procurador Wright. "A árvore caiu sobre uma parte da Muralha de Adriano, causando danos irreparáveis ​​à própria árvore e ainda mais danos à muralha."

O procurador acusou ainda os alegados responsáveis de terem demonstrado uma abordagem especializada e determinada no corte da árvore: "Primeiro, eles marcaram o corte pretendido com tinta prateada, antes de cortar uma cunha que ditaria a direção em que a árvore cairia. Um dos homens cortou então o tronco, fazendo com que o sicómoro caísse, e atingisse a parede. Enquanto fazia isto, o outro homem filmou o ato com o telemóvel de Daniel Graham.”

O júri viu as filmagens capturadas por um telemóvel, com a duração de dois minutos e 40 segundos, na qual é possível ouvir a motosserra e o som da queda da árvore, além de ver a silhueta de uma figura que usava a serra.

A cunha foi depois guardada no porta-bagagens do Range Rover de Daniel Graham - "talvez um troféu retirado da cena", disse o procurador.

Durante a viagem de regresso, Adam Carruthers recebeu um vídeo do filho, enviado pela companheira, ao qual respondeu: "Tenho um vídeo melhor que esse". Minutos depois, o vídeo da queda da árvore foi enviado do telemóvel de Graham para Carruthers.

“Na altura em que aquelas mensagens foram trocadas, as únicas pessoas no mundo que sabiam que a árvore tinha sido derrubada eram os homens que a cortaram", disse Richard Wright.

No dia seguinte, vários jornais a nível mundial começaram a noticiar a queda da árvore e os dois homens compartilharam publicações nas redes sociais. Graham enviou uma mensagem para Carruthers, que dizia: "Aqui vamos nós".

Wright disse que Carruthers enviou a Graham uma publicação no Facebook de um homem chamado Kevin Hartness, que dizia: "Pessoas fracas que andam nesta terra... comportamento repugnante".

Graham terá respondido com uma mensagem de voz, que dizia: "Aquele comentário do Kevin Hartness. Fraco? Ele tem noção de quanto aquilo pesa?"

Por sua vez, Carruthers respondeu com outra mensagem de voz, que dizia: "Gostava de ver o Kevin Hartness a lançar uma operação como fizemos ontem à noite... Não acho que ele tenha os minerais necessários."

Para o procurador, esta foi "a confirmação mais clara, nas suas próprias vozes, de que Carruthers e Graham foram ambos responsáveis ​​pela derrubada deliberada da árvore e pelos danos subsequentes à Muralha de Adriano”.

Graham, de Carlisle, e Carruthers, de Wigton, são acusados  de causar danos criminais, num valor superior a 622 mil libras, à árvore. São também são acusados ​​de causar cerca de danos à Muralha de Adriano, património mundial da Unesco. A muralha e a árvore pertencem ao National Trust.

Graham e Carruthers negam todas as acusações contra eles, mas o julgamento continua.