“O que está ali é um caixote. É meter os trabalhadores todos num caixotezinho. Vamos encostá-los ali a um canto, pôr ali uma rede, quase uma cerca sanitária e eles ficam ali isolados. É o que a gente tem ali”, afirmou hoje Nelson Silva, um dos representantes da CT da RTP, durante uma audição no parlamento.

Questionado por vários deputados sobre os planos urbanísticos projetados para os terrenos do Centro de Produção do Norte (CPN), no Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, Nelson Silva afirmou que os trabalhadores tiveram apenas acesso a um projeto fornecido pela Câmara de Gaia e que esse projeto, que nunca lhes foi anunciado pela administração, não satisfaz os trabalhadores.

“O projeto que nos chegou não é melhor de certeza para o CPN. Isso temos a certeza absoluta”, assumiu, referindo, contudo, que os trabalhadores estão “preparados para ouvir todas as propostas que lhe forem apresentadas” e para “dialogar com qualquer administração” e até “dar ideias e fazer sugestões”.

Há, no entanto, pontos no projeto “que são linhas vermelhas” para os trabalhadores.

Para a CT da RTP tem que haver área disponível para crescer no futuro se houver necessidade.

A CT alerta para que na planta do projeto que a Câmara de Gaia forneceu àquele órgão de representantes dos trabalhadores não aparecem os “três mil metros quadrados de área válidos” referidos pela administração da RTP na Comissão de Cultura e Comunicação no parlamento esta manhã.

“Se estão a falar de encostas que não dão para construção de residências e hotéis, também não dão para a construir estúdios”, argumentou aquele membro da CT, questionando se o serviço público é para funcionar com os “serviços mínimos”.

“Espaço é espaço. E quando nos vêm dizer que conseguimos fazer a mesma coisa em 200 metros quadrados (…).É isto que queremos para o serviço público. Serviço público de serviços mínimos, confinado a um caixote”, questionou Nelson Silva.

Rui Sá, da sub-Comissão de Trabalhadores do Porto, assumiu na audição parlamentar, por seu turno, que os trabalhadores da RTP não foram ouvidos sobre a intenção de alienar os terrenos de Monte da Virgem, referindo que foram os trabalhadores que pediram esclarecimentos à administração e que foi a Câmara de Vila Nova de Gaia que solicitou uma reunião com a CT na qual lhes foi dito que o processo estava a ser negociados há cerca de “ano e meio com sucessivas propostas”.

O presidente do Conselho de Administração da RTP anunciou hoje que pretende investir cinco milhões de euros para capacidade produtiva do Centro de Produção Norte da RTP.

“Temos um programa para o CPN, de cinco milhões de euros de investimento, dos quais já realizámos um milhão e meio nos últimos 18 meses, recuperando um equipamento de analógico para digital, um carro satélite, novas régies, com novas mesas de mistura, com a continuidade da RTP3 que é feita no Norte a migrar para HD, com investimentos muito significativos em câmaras, em régies e equipamento de edição”, declarou o presidente do Conselho de Administração da RTP, Gonçalo Reis, durante uma audição da Comissão de Cultura e Comunicação que decorreu esta manhã no parlamento, sobre os planos urbanísticos projetados para os terrenos do CPN.

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