Edna Gonçalves falava à Lusa a propósito das críticas feitas na terça-feira pela Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), que disse que o país precisa de 800 a 1.000 camas, um valor que a responsável pela Comissão Nacional rebate, explicando que os valores apontados pela associação assentam em dados internacionais que incluem a existência de unidades maioritariamente custeadas por privados, que Portugal não tem.

"As camas previstas pela associação são camas de cuidados paliativos e de unidades próprias custeadas por mecenato e por seguros privados, o que em Portugal não existe. Daí o plano estratégico prever 40 a 50 camas/milhão de habitantes, considerando apenas as unidades de cuidados paliativos em casos agudos, que devem existir nos hospitais", disse.

No total, explicou, o plano estratégico prevê entre 391 a 491 camas até final de 2020.

"Para as outras necessidades, estamos a trabalhar para que todos os doentes que precisam tenham acesso aos cuidados paliativos, não nas unidades especificas, mas onde estiverem, nomeadamente na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, nos serviços de internamento e na comunidade", acrescentou.

Edna Gonçalves explicou que a proposta do plano estratégico prevê equipas de cuidados paliativos móveis, que se deslocam onde está o doente e trabalham com as outras equipas que acompanham o doente regularmente.

Quanto às equipas comunitárias, a responsável explicou que o plano estratégico prevê uma equipa por cada Agrupamento de Centro de Saúde (ACES), num total de 54, com dimensões distintas consoante a dimensão da população abrangida.

Edna Gonçalves reconheceu a dificuldade de contratação de médicos para trabalhar em exclusivo nestas equipas, também pela inexistência de uma carreira própria de medicina de cuidados paliativos, o que faz com que um profissional que opte por trabalhar a 100% nestas equipas deixe de progredir.

"Estamos a trabalhar para conseguir uma solução", disse, referindo-se à criação de uma carreira própria.